O que é o Poseidon, o supertorpedo nuclear da Rússia?
Combinação entre torpedo e drone tem um alcance muito grande e pode transportar uma ogiva nuclear. Está em desenvolvimento pelo menos desde 2015.
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A Rússia espera ter concluídas no início do próximo ano as infra-estruturas costeiras necessárias para albergar os submarinos que vão transportar os novos torpedos nucleares Poseidon. Uma fonte ouvida pela agência russa Tass, e citada pela Reuters, explicou que as instalações estão planeadas para a península de Kamchatka, uma enorme porção de terra no Leste do país, a meio caminho entre o Japão e o Alasca.
Pouco se sabe sobre o Poseidon, que tem sido descrito como um supertorpedo ou drone subaquático de muito longo alcance capaz de transportar uma ogiva nuclear. As primeiras unidades terão ficado prontas em meados de Janeiro, cerca de cinco anos depois do anúncio oficial da sua construção – havendo informações sobre o seu desenvolvimento pelo menos desde 2015.
Em 2018, o Pentágono confirmou, em documentos secretos tornados públicos, que a Rússia estava a desenvolver “um novo torpedo subaquático autónomo intercontinental, com armamento nuclear”. Acredita-se que tenha um comprimento a rondar os 20 metros, uma capacidade submersão de 1000 metros e um alcance de até 10 mil quilómetros.
Com uma velocidade que se julga ser superior a 90 quilómetros por hora, este torpedo é mais rápido do que a generalidade dos submarinos. “É mais difícil de interceptar, porque, se existem defesas contra mísseis, muito poucos países estão preparados para se defender de um torpedo nuclear, particularmente um que se desloca muito rapidamente”, disse à Euronews, no ano passado, o analista militar Sidharth Kaushal, do think tank britânico RUSI.
Em Maio de 2022, um apresentador da televisão russa disse que “a explosão deste torpedo junto à costa britânica causaria um maremoto gigante com uma onda de até 500 metros de altura” e que “depois da sua passagem pela Grã-Bretanha deixaria um deserto radioactivo, impróprio para o quer que seja por muito tempo”. A ameaça, disse também Kaushal, é irrealista: “Poderia destruir uma cidade costeira, mas não o Reino Unido inteiro.”
A Rússia tenciona colocar os torpedos Poseidon em pelo menos dois novos submarinos (o Belgorod e o Khabarovsk), mas a fonte da Tass disse que está a ser criada uma nova divisão na frota do Pacífico que inclua mais do que esses dois veículos.
O secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, congratulou-se esta segunda-feira com “as armas modernas e únicas” de que o país dispõe “capazes de destruir qualquer adversário, incluindo os Estados Unidos, em caso de uma ameaça à sua existência”. Nikolai Patrushev diz que “Washington subvaloriza o poderio nuclear” russo, o que “é uma estupidez de vistas curtas e muito perigoso”.
No fim-de-semana, Vladimir Putin anunciou que a Rússia vai colocar armas nucleares tácticas no território bielorrusso ao abrigo de um acordo com o Presidente, Alexander Lukashenko. As instalações estão já em construção e estarão prontas no início de Julho, disse o Presidente russo. A porta-voz da NATO disse que se trata de uma decisão “perigosa” e “irresponsável”.