Fim das greves de professores “está nas mãos do ministério”, diz Fenprof

Realização das greves até ao final do ano lectivo “está mais nas mãos do ministério do que na dos sindicatos”, diz Mário Nogueira. Governo e sindicatos voltam a reunir-se nesta quarta-feira.

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Manifestação de professores de 11 de Fevereiro Daniel Rocha

As greves de professores convocadas pela plataforma sindical de nove organizações podem ser suspensas, mas essa decisão depende das posições tomadas pelo Ministério da Educação (ME) durante a nova ronda negocial, que agora se inicia, afirma a Federação Nacional de Professores (Fenprof). “O que esperamos, depois de estar todo um plano de luta por estas nove organizações já previsto, é que o ministério nos dê razões para que não tenha de ser concretizado”, disse nesta quarta-feira o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, à entrada para mais uma reunião com o Governo, no ME em Lisboa.

Esse plano vai iniciar-se na próxima segunda-feira, dia 27, com greves às horas extraordinárias, ao sobretrabalho, à componente não lectiva e ao último tempo lectivo de cada docente. O plano de protesto inclui ainda novas paralisações distritais, manifestações e também greve às avaliações no final do ano lectivo. “Se se vão ou não realizar, está mais nas mãos do ministério do que na dos sindicatos e dos professores”, sublinhou Nogueira, ao mesmo tempo que recordou: “As greves quando são marcadas há logo algo que fica claro, é que, em princípio, serão suspensas.”

Em cima da mesa para a negociação estão a correcção de assimetrias decorrentes do congelamento das carreiras e de desigualdades na redução de componente lectiva dos professores em monodocência, a redução da burocracia nas escolas e a regularização de vínculos de técnicos superiores e especializados. Da reunião é também esperado que saia um calendário negocial, o qual os sindicatos esperam que “não comece daqui a um ano, mas daqui a uma semana ou duas”, referiu o líder da Fenprof.

A propósito da reunião com o ministro João Costa, que começou pelas 09h30, com cerca de meia hora de atraso, Mário Nogueira disse não ter expectativas concretas, referindo que se trata de uma reunião pré-negocial e, por isso, aguarda as propostas da tutela.

A recuperação de todo o tempo de serviço congelado aos docentes (seis anos, seis meses e 23 dias) é uma das exigências da qual os sindicatos não abdicam. O ministro João Costa tem vindo a indicar nas últimas semanas esse tema como “correcção dos efeitos assimétricos internos à carreira docente decorrentes do congelamento”, em vez de utilizar nas últimas a expressão “recuperação do tempo de serviço”.

“Não consigo dizer exactamente o que é que significa a correcção de aspectos assimétricos porque a carreira assimétrica já ela está pelos mais variados motivos”, frisou Mário Nogueira antes da reunião. “É evidente que [o tempo de serviço congelado] vai ser discutido, se o ministério não colocar, colocamos nós.”

E reiterou: “Há uma coisa que sabemos, só há uma forma de corrigir as assimetrias da carreira dos professores que é contar integralmente o tempo de serviço.”

Também à entrada do Ministério da Educação, o coordenador nacional do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) lamentou que a tutela não tenha dado a conhecer às organizações, antes da primeira reunião, as propostas que estarão em discussão.

Quanto à greve por tempo indeterminado em curso convocada por aquele sindicato, André Pestana disse que o Stop está “disponível para tudo”, mas relatou que os docentes defendem que não podem parar agora.

“Dizia-se que lutar não valia a pena durante a ronda negocial e demonstrou-se que sim”, defendeu o dirigente sindical.

Quanto à reunião desta quarta-feira, Pestana disse que, “tendo como consideração as últimas rondas, a expectativa não é muito positiva”. “O decreto-lei sobre o regime de recrutamento e gestão docente foi muito negativo. Não foi uma birra do Stop, nenhum sindicato subscreveu. Mesmo ontem foi conhecido o parecer do Conselho das Escolas, também muito negativo”, justificou o sindicalista.

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