Casos de infecção por fungo super-resistente estão a aumentar nos Estados Unidos

O fungo Candida auris foi identificado pela primeira vez em 2009, no Japão.

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A bactéria Candida auris BSIP/EDUCATION IMAGES/UNIVERSAL IMAGES GROUP VIA GETTY

As infecções pelo fungo Candida auris, um microrganismo super-resistente a medicamentos e potencialmente mortal, cresceram a um ritmo elevado nos Estados Unidos entre 2019 e 2021, refere um estudo divulgado numa revista especializada.

Os investigadores alertam, em específico, para o aumento de casos resistentes às equinocandinas, o principal medicamento utilizado no tratamento de infecções pelo fungo Candida.

Estes tipos de casos foram três vezes mais frequentes em 2021 do que nos dois anos anteriores, segundo o estudo, que analisou dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), bem como os recolhidos pelas autoridades a nível local e estatal.

Os dados publicados na revista Annals of Internal Medicine mostram um aumento no crescimento percentual das infecções por Candida auris, que passou de 44% em 2019 para 95% em 2021.

Para os investigadores, que trabalham para os CDC, o aumento pode estar relacionado com as dificuldades que a pandemia de covid-19 tem produzido no sistema de saúde, como a escassez de casas de banho ou o uso de mais antimicrobianos.

O relatório enfatiza que a Candida auris, que foi detectada pela primeira vez nos EUA em 2016, é listada como uma "ameaça urgente" pelos CDC devido à sua resistência a medicamentos e alta taxa de mortalidade. A primeira vez que este fungo foi identificado foi no Japão em 2009.

A maioria dos casos ocorre em instalações de saúde, principalmente entre pacientes que estão internados há muito tempo ou que estão ligados a ventiladores mecânicos, explicam os investigadores.

Na Europa, mais de 35 mil pessoas morreram por ano, entre 2016 e 2020, devido a infecções motivadas por resistência a medicamentos antimicrobianos, segundo um relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) divulgado em Novembro.

De acordo com o ECDC, cujas estimativas divulgadas abrangem os países do Espaço Económico Europeu, o impacto da resistência antimicrobiana na saúde é comparável ao da gripe, tuberculose e sida juntos.

Dentro do Espaço Económico Europeu (União Europeia, Islândia, Noruega e Liechtenstein), o número de infecções por bactérias do género Acinetobacter que se revelaram resistentes a diferentes grupos de antibióticos mais do que duplicou (121%) em 2021 face à média verificada entre 2018 e 2019, segundo o ECDC.

Também as infecções com a bactéria Klebsiella pneumoniae resistente ao antibiótico da classe carbapenema, frequentemente utilizado como último recurso, aumentaram 20% em 2021 e 31% em 2020.

O ECDC realça ainda, em comunicado, a quase duplicação entre 2020 e 2021 das infecções com o fungo Candida auris, que pode ser resistente a múltiplos agentes antifúngicos e está na origem de surtos associados aos cuidados de saúde (em centros de saúde ou hospitais).

Por definição, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a resistência antimicrobiana ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas não respondem aos medicamentos, tornando as infecções difíceis de tratar, aumentando o risco de contágio, doença grave e morte. Nos medicamentos antimicrobianos incluem-se antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários.