Ana Borralho, João Galante e a dificuldade de olhar para dentro

Tempo para Reflectir, performance da dupla que passa este fim-de-semana por Serralves, fala de intimidade, do confronto com os muitos “eus” dentro de nós e da relação com o outro.

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A peça da dupla Borralho-Galante interroga quão árduo pode ser o exercício de auto-análise Nelson Garrido

Estamos sentados numa sala parcamente iluminada, à frente de um espelho comprido. Mas o nosso reflexo não é a única coisa que aparece. Alguém está do outro lado. E não tarda vai começar a imitar os nossos micromovimentos — o coçar do nariz ou do braço, o ajustar das costas, o esticar das pernas. De seguida, começará a mostrar-se ligeiramente menos subtil, invadindo a nossa intimidade. Não seremos tocados — tudo não passa de um jogo de luz, que, ao iluminar o lado de lá do espaço, nos permite ver o outro corpo e o reflexo da sua mão a pousar sobre o do nosso ombro, por exemplo —, mas é como se as distâncias estivessem a ser abatidas.

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