Preços dos alimentos levam inflação a disparar para 7,3% em França
Em Fevereiro, os bens alimentares registaram uma subida de quase 15% em França, uma evolução que levou a uma revisão em alta da taxa de inflação nesse mês.
A subida mais acelerada dos preços dos bens alimentares levou a uma revisão em alta da taxa de inflação registada em França, que, em Fevereiro, ultrapassou os 7%, fixando-se no valor mais elevado desde a década de 1990.
Os dados foram divulgados, esta quarta-feira, pelo instituto nacional de estatísticas francês (INSEE, na sigla em francês), que dá conta de que, no mês de Fevereiro, o índice Harmonizado de Preços no Consumidor (indicador que permite fazer a comparação da evolução de preços entre os vários países europeus) aumentou 7,3% face ao mesmo mês do ano passado, a taxa de variação homóloga mais elevada desde o início desta série estatística, que remonta a 1996.
Esta variação representa uma revisão em alta face à taxa de inflação que tinha sido apurada inicialmente, de 7,2%, e fica também acima da taxa de 7% que foi registada em Janeiro.
A contribuir para esta aceleração, explica o instituto de estatísticas, está a evolução dos custos dos bens alimentares, cujo índice de preços registou uma taxa de variação homóloga de 14,8% em Fevereiro, acima da taxa de 13,3% que tinha sido verificada em Janeiro. Dentro deste segmento, o INSEE destaca a subida de 23,3% dos preços dos vegetais frescos e de 9,8% das frutas frescas. Excluindo os produtos frescos, os preços dos bens alimentares também aumentaram, perto de 15%, graças à evolução dos custos do pão e cereais, carne e lacticínios, sobretudo.
Já o aumento dos preços dos serviços acelerou de 2,6% em Janeiro para 3% em Fevereiro, enquanto a inflação dos bens industriais subiu de 4,5% para 4,7% de um mês para o outro. Em sentido contrário, os preços da energia continuaram a aumentar, mas a ritmo menos acelerado, com a inflação neste segmento a baixar de 16,3% para 14,1% em Fevereiro.
Apesar de muito ligeira, a revisão em alta da taxa de inflação em Fevereiro vem colocar mais pressão sobre o Governo francês para tomar novas medidas que contenham o agravamento do custo de vida. Recentemente, recorde-se, o Governo chegou a acordo com um conjunto de retalhistas para fixar os preços de um cabaz de bens essenciais, durante um período de três meses. No entanto, a escolha dos produtos e a fixação dos respectivos preços é feita por cada operador.
Já para esta quinta-feira, está marcada a próxima reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). As expectativas da maioria dos analistas apontavam para uma nova subida das taxas de juro em 0,5 pontos percentuais, já que a inflação tem vindo a abrandar em vários países da zona euro. Contudo, e sobretudo depois do colapso do banco norte-americano Silicon Valley Bank e dos receios que este episódio poderá ter sobre o sector bancário global, a decisão que sairá da reunião desta quinta-feira tornou-se mais incerta.