Festival da Canção: Mimicat vai levar a sua Ai Coração à Eurovisão

A final decorreu este sábado à noite.

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Mimicat venceu o Festival da Canção DR

É oficial: Mimicat venceu, graças à sua Ai Coração, a 57.ª edição do Festival da Canção. É a voz que irá representar Portugal na Eurovisão em Liverpool, em Maio, pelo menos na primeira semifinal de dia 9 desse mês. Ficou tudo decidido este sábado à noite, numa cerimónia conduzida, como é habitual, por Filomena Cautela e Vasco Palmeirim, com Inês Lopes Gonçalves na green room e Wandson Lisboa nas redes sociais.

Foi uma vitória renhida até ao fim: a canção vencedora ficou empatada no voto dos sete júris regionais com A Festa, de Edmundo Inácio e Ai Coração, de Mimicat. Ambas as canções vieram da livre submissão, eram duas de 667 canções que concorreram, e tiveram 66 pontos. A dúvida manteve-se até ao fim: a canção de Edmundo Inácio conseguiu dez pontos do voto do público, mas a de Mimicat levou os 12 e venceu.

Mimicat, ou Marisa Mena, tem dois discos editados, For You, de 2014, e Back in Town, de 2017, e é a autora da própria canção – algo que foi regra este ano, salvo poucas excepções –, com a ajuda, na letra, de Luís Pereira. Ai Coração, em que no refrão se canta "Ai coração, diz-me lá se és meu", é, como tem dito em entrevistas, uma mistura dançável de burlesco, jazz clássico e várias tradições, entre Portugal, Espanha, os Balcãs e a América Latina. A autora e intérprete chegou às lágrimas quando venceu.

Eram 13 as canções a concurso, ao contrário das dez tradicionais. Além das já mencionadas, estavam a concurso, por ordem de apresentação, a voz vencedora de 2018, Cláudia Pascoal, que foi à Eurovisão em 2018, agora a mostrar o seu "abanão ao patriarcado" Nasci Maria, a Encruzilhada de Churky ou os Sapatos de Cimento de Esse Povo, a formação que o baterista e vocalista Quim Albergaria (PAUS e Bateu Matou, além do passado com CAVEIRA e The Vicious Five) reuniu para o festival.

Pela primeira vez em inglês, Bárbara Tinoco, outra voz repetente que foi finalista em 2020, trazia Goodnight, com os seus figurantes numa festa de 25 anos (e um deles a ler agora Adília Lopes, em contraste com o Al Berto da semifinal), bem como o Contraste Mudo dos You Can't Win, Charlie Brown, cujo Afonso Cabral já tinha co-escrito uma canção finalista para o festival de 2018 ou o Tormento anti-satânico e com uqueleles dos Voodoo Marmalade.

Houve também espaço para o Fim do Mundo da pianista leiriense Inês Apenas, outra finalista da livre submissão, a banda rock veterana de Peniche Dapunksportif, com World Needs Therapy, a electrónica do Endless World de Neon Soho, o trio dominado pela voz imponente de Ana Vieira, o Povo de Ivandro, o português mais ouvido no Spotify em 2022, e o Viver dos SAL, a banda nascida das cinzas dos Diabo na Cruz, com João Gil, também membro dos You Can't Win, Charlie Brown, a subir duas vezes ao palco.

Em termos de resultados finais, Nasci Maria, de Cláudia Pascoal, ficou em terceiro lugar, Goodnight, de Bárbara Tinoco, em quarto, e Povo, de Ivandro, em quinto.

A cerimónia arrancou com uma rábula da banda Jesus Quisto, que nasceu na série cómica Pôr do Sol e transitou para os palcos, tendo culminado numa actuação antes dos concorrentes se começarem a apresentar. Em termos de actuações extra-competição, Salvador Sobral, o português que, com uma canção da irmã Luísa, venceu a Eurovisão em 2017, subiu ao palco para cantar o medley que fecha o lado B de Abbey Road, o disco de 1969 dos Beatles, sob a direcção musical do guitarrista André Santos.

Não foi a única homenagem a Liverpool: depois de MARO, vencedora da edição do festival do ano passado, ter reunido alguns dos concorrentes de 2022 para cantar a sua Saudade, Saudade, David Fonseca interpretou um medley de várias canções oriundas da cidade que receberá a Eurovisão. Começou com Wonderful Life, de Black, continuando por There She Goes, de The La's, Enola Gay, de Orchestral Manoeuvres in the Dark, You Spin Me Round (Like a Record), de Dead or Alive e culminando em Relax, de Frankie Goes to Hollywood.

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