Rússia dispara dezenas de mísseis “de vários tipos” contra cidades em toda a Ucrânia
Primeira vaga de ataques russos com mísseis em todo o território ucraniano em três semanas mata pelo menos seis civis e provoca cortes de electricidade, incluindo na central nuclear de Zaporijjia.
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Pela primeira vez em quase três semanas, a Federação Russa lançou esta quinta-feira, pela madrugada, uma onda de ataques com mísseis contra várias cidades e um pouco por todo o território da Ucrânia, incluindo Kiev, Lviv, Kharkiv, Odessa e Dnipro.
Segundo os serviços de emergência ucranianos, citados pela Reuters, os ataques mataram pelo menos seis civis – cinco numa zona residencial de Lviv, no Oeste da Ucrânia, e uma pessoa na região de Dnipro, na região centro.
Para além disso, os mísseis causaram danos significativos nas redes de fornecimento energético de várias localidades e regiões do país invadido pela Rússia em Fevereiro do ano passado, que provocaram apagões e deixaram milhões de ucranianos sem energia eléctrica.
O presidente da câmara da capital, Vitali Klitschko, recorreu ao Telegram para dizer que 40% dos habitantes de Kiev ficaram sem acesso à electricidade, devido às explosões registadas na região Sudoeste da cidade – cujas sirenes de alerta contra possíveis ataques ressoaram durante sete horas seguidas durante a noite.
A central nuclear de Zaporijjia, ocupada pelo Exército russo, também perdeu a ligação à rede energética ucraniana, estando a garantir o abastecimento de electricidade através de 18 geradores de emergência, com capacidade para dez dias – os ocupantes russos dizem, no entanto, que o corte de energia se deveu a uma “provocação” ucraniana.
Através do general Valeri Zalujni, as Forças Armadas da Ucrânia falam em “81 mísseis de vários tipos” disparados pela aviação e pelos navios de guerra russos estacionados no mar Negro, mas garantem ter interceptado 34 mísseis cruzeiro e quatro drones.
Entre os projécteis “de vários tipos”, Kiev diz ter identificado pelo menos seis mísseis hipersónicos Kinzhal, um tipo de arma que Moscovo descreve como um “míssil de baixa altitude, difícil de detectar, com uma carga nuclear com alcance praticamente ilimitada e com uma trajectória imprevisível, que consegue iludir as linhas de intercepção e que é invencível perante todos os actuais e futuros sistemas de defesa de mísseis aéreos e terrestres”.
Segundo a Reuters, o Exército russo tem apenas algumas dúzias de projécteis deste modelo, pelo que o alegado lançamento, numa única operação, de seis mísseis, consubstancia uma operação “sem precedentes”.
No Telegram, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que foram atingidos edifícios residenciais e infra-estruturas críticas em dez regiões da Ucrânia e denunciou as “tácticas miseráveis” do Exército invasor para “aterrorizar civis”.
Desde o início daquilo a que chama uma “operação militar especial” no país vizinho, o Kremlin tem rejeitado sempre as acusações de que está a levar a cabo ataques contra civis. Moscovo diz que pretende apenas atacar infra-estruturas energéticas e militares para reduzir a capacidade de resistência do Exército ucraniano.