Freddy Adu quer voltar: “Fui ao topo da montanha e estive no fundo do mar”

Sem clube desde 2020, o antigo internacional norte-americano que chegou a jogar no Benfica sente-se preparado para regressar ao futebol. “Sinto falta de tudo.”

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Adu jogou uma época no Benfica Jose Manuel Ribeiro/Reuters

Já há algum tempo que não ouvíamos falar de Freddy Adu, em tempos considerado o novo Pelé (até pelo próprio) do futebol mundial. Em 2020, andava a treinar-se no Osterlen, da terceira divisão sueca, mas não ficou porque estava fora de forma. Três anos depois, eis que o antigo internacional norte-americano declara que quer regressar ao futebol. Se alguém o quiser, claro. Adu sente-se preparado para merecer mais uma oportunidade e está disposto a trabalhar por isso.

“Sei que tenho de ficar em forma e que já não jogo há algum tempo. Por isso, terei de fazer testes em que terei de estar em grande forma. Estou num ponto em que estou preparado para o fazer, logo veremos neste Verão, espero que corra de acordo com o plano, que algumas portas se abram e que eu consiga ter uma oportunidade de voltar a jogar”, declarou Adu, de 33 anos, numa entrevista a um site de apostas online.

O “algum tempo” sem jogar de Adu são cinco anos. Antes do teste, que não deu nada na terceira divisão sueca, os últimos jogos competitivos que ele fez foram na segunda divisão do soccer norte-americano em 2018 pelos Las Vegas Light, uma equipa que pagava parte dos salários dos seus jogadores em fichas de casino e tinha como patrocinador um dispensário de marijuana.

Estas foram as últimas paragens de uma carreira que chegou a mostrar alguma promessa. Talvez Adu não fosse o novo Pelé, mas alguma qualidade tinha. Nem todos se estreiam como profissionais aos 14 anos, a idade de Adu quando começou a jogar pelo DC United, da Major League Soccer (MLS).

Adu rapidamente se transformou numa celebridade desportiva, com um patrocínio milionário da Nike e chamadas à selecção principal dos EUA. A sua porta de entrada para o futebol europeu, em 2007, foi o Benfica, onde teve três treinadores, Fernando Santos, Camacho e Chalana. Não foi propriamente um indiscutível, mas também não foi um desastre completo – marcou cinco golos em 21 jogos, 19 dos quais como suplente utilizado, num total de 479 minutos em campo.

Depois, andou emprestado por Mónaco, Belenenses, Aris Salónica e Rizespor até terminar em 2011 o seu vínculo ao Benfica. Em 2011, regressou aos EUA para duas épocas de alguma projecção no Philadelphia Union, mas, depois o seu tempo de jogo foi diminuindo com o passar dos anos. Andou pelo Brasil (Bahia), Jagodina (Sérvia) e KuPS (Finlândia), antes de regressar pela porta pequena aos EUA, para os Tampa Bay Rowdies (dois anos) e Las Vegas Light (uma única época).

Foi neste período que Adu chegou a ser convidado para fazer testes numa equipa polaca da segunda divisão, mas, quando chegou ao país, Adu descobriu que tinha sido usado como uma ferramenta de marketing e que nem o treinador da equipa sabia que ele andava por lá. Depois, veio a tal experiência falhada no futebol sueco, sendo que o clube foi bastante paciente com ele.

“Tínhamos um acordo com ele de que ele teria uma hipótese de se mostrar, mas, pelo que vimos, não acreditamos que ele consiga competir. Tem muito futebol, mas falta-lhe a parte física e mental”, comentou na altura um dirigente do clube sueco.

Agora, diz Adu, é que é. “Não sei que oportunidades é que vão aparecer, mas tenho de estar pronto. Não vou dizer que sou demasiado bom para alguém. Eu só quero levantar-me e estar no desporto que eu amo e do qual sinto falta. Sinto falta da atmosfera, do balneário, dos treinos, dos colegas… Sinto falta de tudo”, garante.

Adu, que foi 17 vezes internacional pelos EUA, acha que a sua história de vida também pode ser motivo para que os clubes olhem para ele como um potencial reforço. “Estive no topo da montanha e no fundo do mar. Acho que posso ser um mentor para os jogadores jovens. Podes ter todo o talento do mundo, mas se não trabalhares e cuidares desse talento, vais sofrer as consequências.”

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