Casos de violência doméstica sujeitos a vigilância electrónica sobem 10%

Desde 2015 que a vigilância electrónica, no contexto de crimes de violência doméstica, ultrapassou a medida de coacção de prisão domiciliária

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A medida de vigilância electrónica aplicada a condenados por violência doméstica cresceu Paulo Pimenta

O número de casos de violência doméstica com penas sujeitas a vigilância electrónica subiu quase 10%, segundo dados de Janeiro da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

De acordo com o último boletim mensal de estatísticas disponível na página da DGRSP, em 31 de Janeiro de 2023 existiam 1652 arguidos e condenados alvo de fiscalização com pulseira electrónica, enquanto na mesma data de 2022 estavam registados 1511 casos nesta situação. A variação durante este período traduz um aumento de 141 casos sob vigilância electrónica, mais 9,33%.

O crime de violência doméstica foi o mais representado entre as penas com fiscalização por vigilância electrónica em Janeiro, com um peso de 59,47% do total de 2778 casos em execução pelos serviços da DGRSP, quando em Janeiro de 2022 este peso era de 58,03%, num total de 2604 casos.

Em termos de evolução anual das penas e medidas sob vigilância electrónica, a aplicação deste mecanismo no contexto de violência doméstica tornou-se dominante a partir de 2015, ano em que a execução da pulseira electrónica aplicada a este crime atingiu os 474 casos, ultrapassando os 355 registados no âmbito da medida de coacção de prisão domiciliária, até então o contexto dominante neste regime.

As estatísticas apontam ainda assimetrias regionais na aplicação da pulseira electrónica à violência doméstica, com um claro pendor das regiões Norte e Centro em relação à área metropolitana de Lisboa, o Sul, a Madeira ou os Açores.

Do total de 1652 penas no âmbito da violência doméstica sob vigilância electrónica em execução pela DGRSP em Janeiro deste ano, 647 casos reportavam-se ao Norte, enquanto o Centro registava 451 situações desta natureza. A área de Lisboa e Vale do Tejo contabilizava 355 casos e o Sul (com equipas em Évora e Faro) registava 120, com os Açores a sinalizarem 51 casos e a Madeira outros 28.

Os números da DGRSP revelam que foram executadas em Janeiro 203 penas e medidas com vigilância electrónica, das quais 107 disseram respeito ao crime de violência doméstica, 52,71% do total. Não foram revogadas quaisquer penas e medidas nesta matéria no primeiro mês de 2023.