Mário Nogueira apela “aos pais para que não levem os filhos às escolas”

Mário Nogueira diz que proposta final do Governo para o regime de recrutamento e mobilidade é “um verdadeiro tratado de desterro dos professores”.

Foto
O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, participou na manifestação dos professores que assinala o início da greve de 2 dias de nove sindicatos de professores PAULO NOVAIS?

Os professores do norte e centro do país voltam esta quinta-feira à greve, numa paralisação convocada pela plataforma de nove organizações sindicais. Em declarações aos jornalistas durante a manhã, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, apelou aos pais para que não levem os filhos à escola.

"Apelamos aos pais para que não levem os filhos às escolas. E apelamos por dois motivos: o primeiro é por razões de solidariedade. Penso que os pais percebem as razões da luta dos professores. Por outro lado também porque, como estes serviços [mínimos] não são iguais em todo o lado, e variam de escola para escola, pode acontecer que muitos alunos tenham uma aula agora e o resto do dia sem actividades", reiterou Mário Nogueira, que falava aos jornalistas à frente da Escola Secundária D. Dinis, em Coimbra.

Além do apelo relativo à greve desta quinta-feira, o líder da Fenprof dirigiu-o também à desta sexta-feira. "Amanhã também há uma greve da função pública, que vai cobrir o território todo e que não teve serviços mínimos, o que mostra bem que da parte do Ministério [da Educação] e do Governo há uma perseguição aos professores porque pede serviços mínimos aos professores e não os pede para outra greve."

"O natural é que amanhã as escolas estejam todas fechadas, até por força desta greve da função pública", sublinhou Nogueira. A greve convocada pela plataforma sindical segue na sexta-feira para os distritos de Leiria para sul.

Para já, os professores têm de assegurar serviços mínimos, que a Fenprof considerou "forçados", que foram decretados na segunda-feira pelo colégio arbitral e que incluem três horas de aulas no pré-escolar e 1.º ciclo e três tempos lectivos diários por turma no 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário, de forma a garantir, semanalmente, a cobertura de todas as diferentes disciplinas.

O líder da Fenprof recordou também que os motivos para a greve são "mais do que muitos". E anunciou uma conferência de imprensa em Lisboa, marcada para terça-feira (dia 7), para apresentar novas formas de luta. "Os professores querem continuar a lutar e vão continuar a lutar."

Para este sábado estão agendadas duas manifestações, no Porto e Lisboa, inicialmente marcadas para dias distintos. Às 15h, o protesto arranca no Porto, com partida do Marquês até à Avenida dos Aliados, e em Lisboa, às 15h30, desde o Rossio, até à porta da Assembleia da República.

O Ministério da Educação enviou esta quarta-feira às organizações sindicais dos professores a versão final da proposta para o regime de recrutamento e mobilidade, mas o diploma mantém algumas das “linhas vermelhas” que os docentes já tinham apontado. "Ontem tivemos uma nova razão [para protestar] porque o Ministério enviou o diploma de concursos, que não teve alterações significativas. Portanto, o que temos é um verdadeiro tratado de desterro dos professores", disse Mário Nogueira esta quinta-feira.

Uma das bandeiras a incluir nas negociações que os professores têm defendido é a recuperação de todo o tempo de serviço congelado (cerca de seis anos). O ministro da Educação, João Costa, já abriu uma janela à procura de soluções para os docentes que ficaram mais prejudicados com esse congelamento durante os tempos da troika. Numa entrevista conjunta à rádio TSF e ao JN no domingo, João Costa afirmou, aliás, que estão a ser feitos estudos e contas para avaliar em que termos o tempo de serviço congelado aos professores pode ser recuperado, para que possam ser apresentadas propostas.

"Em relação às questões do tempo de serviço, ouvimos o senhor ministro, permanentemente, fora das reuniões [com os sindicatos] a dizer que andam a fazer contas, a avaliar, e quando chega às reuniões o que nos tem para dizer é que isso não está em cima da mesa", referiu também o líder da Fenprof.

Sugerir correcção
Ler 36 comentários