O corpanzil na sala de estar
O registo de uma performance de actor. É isso o que realmente vale a pena em A Baleia.
Uma das notícias mais comentadas dos últimos dias dava conta da reedição dos livros de Roald Dahl em versão expurgada de determinadas palavras, como a palavra “gordo”. O que se reserva para um filme como A Baleia, que associa o seu protagonista a um cetáceo, e para lá dos remoques que já se fizeram ouvir (que não é um retrato edificante da obesidade doentia, e blábláblá), é imprevisível. Mas a baleia de Aronofsky, se também é a de Herman Melville (são várias as alusões ao Moby Dick), é mesmo aquele corpo-prótese, a espécie de escafandro adiposo em que Brendan Fraser surge enfiado — ele é a baleia na sala de estar, ponto de partida e ponto de chegada do filme de Darren Aronofsky.
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