Sporting preferiu uma noite de sossego a uma de aventura

Perante um Estoril que foi uma visita muito afável e macia, os “leões”, que têm tido noites difíceis, venceram com grande tranquilidade. Trincão marcou um dos melhores golos do campeonato.

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Sporting e Estoril em duelo em Alvalade EPA/JOSE SENA GOULAO

Nas últimas três vezes em que jogou para a I Liga, o Sporting sofreu – mesmo quando ganhou existiram “fantasmas” recorrentes de quem nem sempre sabe o que fazer com os golos que marca. Nesta segunda-feira, porém, o Sporting não quis aventuras e prestou-se a uma noite de sossego. Venceu o Estoril por 2-0, permitiu apenas um remate à sua baliza e entrou a preceito no ambiente morno de um estádio José Alvalade despido pela segunda-feira, pelo frio e pelos resultados inconsistentes. Neste jogo, tudo foi morno – menos Trincão. Já lá vamos.

O Estoril foi a Alvalade com uma postura curiosa. Por um lado, não só não cedeu à tentação de defender com uma linha de cinco como até defendeu quase sempre em 4x4x2, tendo sempre dois jogadores prontos a saírem para transição. Por outro lado, essa aparente audácia era contrabalançada por um posicionamento bastante baixo, quase sempre a defender dentro da área ou perto dela.

Também foi interessante a forma como a equipa da linha de Cascais rodava todo o bloco para a zona da bola e tinha o lateral sempre muito por dentro – algo que permitia cobrir bem o espaço central e ter bom posicionamento perante o portador da bola, mas que tinha um efeito negativo: deixaria a equipa “coxa” caso o Sporting soubesse virar rapidamente o lado do jogo, já que os laterais do Estoril nunca sabiam se haveriam de cobrir Nuno Santos e Bellerín ou se a tarefa caberia aos alas.

O Sporting, percebendo a densidade na zona central, tentou quase sempre activar Santos e Bellerín, mas a rapidez com que a bola chegou nem sempre foi suficiente para impedir o Estoril de rodar o bloco a tempo. E o jogo esteve, em muitos momentos, algo “empenado”, com posse de bola estéril da formação “leonina”.

Houve lances de perigo aos 6’ (transição mal definida pelo Estoril) e aos 13’ (remate de Nuno Santos de fora da área), mas foi só aos 18’ (cabeça de Paulinho para defesa de Figueira) e aos 38’ (remate em arco de Edwards) que o tal espaço no lado oposto à bola surtiu efeito, com o Sporting a rodar rapidamente a bola e permitir o cruzamento e o remate que desenharam estes dois lances.

Foi num lance confuso que o Sporting chegou ao 1-0, numa jogada aos 40’ que teve cruzamento de Matheus Reis, apoio frontal de Paulinho, ressaltos estranhos e remate cruzado de Bellerín, já dentro da área – primeiro golo pelo clube.

A forma de chegar ao golo não foi tão orgânica como outros lances antes disso, mas o importante (e justo nessa fase do jogo) estava feito.

Grande golo de Trincão

Para a segunda parte, o Estoril, que pouco ou nada tinha feito na primeira, teve de fazer algo diferente.

A equipa baixou mais Francisco Geraldes e a qualidade técnica do médio – que tinha estado quase sempre lado a lado com Cassiano – permitiu ao Estoril ligar mais o seu jogo e ter soluções melhores para os centrais. Apesar dessa maior fluidez na construção, nem Geraldes dotou a equipa de capacidade de ferir o Sporting.

Aos 51’, Trincão decidiu que o pânico de outros jogos “leoninos” não seria para esta segunda-feira. Pegou na bola no corredor esquerdo, driblou um adversário, depois outro, depois mais dois e finalizou com categoria.

Com a candidatura a um dos melhores golos do ano na I Liga, o ala deu ao Sporting a tranquilidade de quem tinha dois golos de vantagem frente a uma equipa inofensiva. Não era preciso nada mais.

É certo que houve uma bola ao poste num momento de desconcentração "leonina", mas ninguém levou aquele episódio muito a sério.

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