Polícias vão pagar mais para dormir nas instalações da PSP
Sindicato diz que os aumentos dos preços do alojamento “são brutais e importunos”, chegando aos 230%. “Dão com uma mão e tiram com a outra”, acusa Armando Ferreira.
A partir do dia 1 de Março os polícias vão pagar mais pela cedência de alojamento nas instalações da PSP. Segundo Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), que denuncia a situação, os aumentos são “brutais”, uma vez que “chegam aos 230 %, e são inoportunos no contexto actual em que a vida também está mais cara e se está a tentar atrair mais candidatos para a profissão”.
“Dão com uma mão e tiram com a outra”, acusa o sindicalista referindo-se ao recente aumento dos salários dos polícias “que, em muitos casos, nem chegou aos três por cento”.
A decisão consta de um despacho, onde a Direcção Nacional (DN) da PSP justifica a mexida nos preços dos alojamentos a cobrar com o aumento dos encargos com as instalações, nomeadamente água, luz, gás e limpeza, sublinhando que os valores não eram actualizados desde 2019.
Além disso, a DN da PSP também refere que “apurados os custos fixos com os alojamentos disponíveis, procedeu-se ainda à diferenciação dos preços em resultado do estado de conservação/funcionalidade dos espaços, bem como o período de ocupação, associando-se um menor preço ao maior período de ocupação”.
Segundo o SINAPOL há três modalidades: cama em camarata, cama em quarto partilhado e cama em quarto individual e os preços variam se as instalações têm uma boa ou média conservação.
Assim, de acordo com as contas feitas pelo sindicato, um polícia que, em Março de 2022, “pagava 90 euros/ano por uma cama em camarata, passará a pagar 227 a 297 euros, o que corresponde a um aumento entre 152 e 230 %”.
No caso de uma cama em quarto partilhado, no ano passado, “o preço estava fixado nos 270 euros/ano e agora passará para os 389 a 445 euros, correspondendo a um aumento de 44 e 65%”.
Já no caso de uma cama em quarto individual que “custava 450 euros/ano o valor foi fixado entre os 545 a 623 euros/ano, correspondendo a um aumento entre 21% e 38%”.
Armando Ferreira diz ainda que tem “sérias dúvidas se pode classificar como bom qualquer alojamento que a PSP disponibiliza aos polícias”. “Para nós, e lamentavelmente, há alojamentos médios, medíocres, maus e muito maus”, afirmou, acrescentado que muitos destes alojamentos “têm condições que se fossem sujeitos a fiscalização por parte de entidades de higiene e segurança seriam encerrados”.
O sindicalista alega ainda que os aumentos dos preços “são um acto contraditório à preocupação que tanto o director nacional da PSP, Magina da Silva, como o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, demonstraram no que diz respeito a arranjar alojamento para os agentes e até na intenção de atrair mais candidatos para a profissão”.
O presidente do SINAPOL recorda que, no final do ano passado, o director nacional disse que “era importante conseguir dar alojamento de primeira colocação a todos os polícias que estão deslocados do seu local de origem, referiu que têm uma remuneração inferior, e que muitos deles são despejados em Lisboa, onde os preços são proibitivos, pouco compatíveis com as suas remunerações”.
“E o próprio ministro anunciou a construção de centenas de alojamentos para polícias e protocolos com instituições públicas, universidades e politécnicos para acesso dos agentes e militares às suas cantinas a fim de mitigar o problema”, sustentou, sublinhando que o SINAPOL defende que o alojamento devia ser gratuito.
“Mais uma vez a Direcção Nacional toma decisões sem ouvir os sindicatos. O diálogo social na PSP é pouco ou nenhum”, afirmou.
O PÚBLICO pediu esclarecimentos à DN da PSP mas não obteve qualquer resposta.