Em Espanha, passageiros vão deixar de retirar líquidos e aparelhos nos aeroportos

AENA vai ter a partir de 2024 novo sistema de controlo, com estreia em Madrid e Barcelona. Novos scanners produzem imagens 3D das bagagens. Reino Unido também avança com o sistema.

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Os líquidos continuam a ser uma dor de cabeça para muitos passageiros Reuters/KAI PFAFFENBACH

A partir de 2024, as passagens pela segurança dos aeroportos espanhóis será, espera-se, bem mais rápida e mais eficiente, pondo fim a um dos maiores incómodos para os passageiros. Será instalado um novo sistema de segurança através de scanners de última geração com raio-X, o que permitirá aos passageiros entrar sem serem obrigados a retirar líquidos, portáteis e outros aparelhos electrónicos nos pontos de controlo.

A gestora aeroportuária espanhola, AENA, confirmou a aquisição das novas máquinas que farão o rastreamento de bagagens sem ser necessário abri-las ou retirar itens.

A estreia será nos aeroportos de Madrid (Barajas) e Barcelona (El Prat), por onde passa quase metade do tráfego aéreo de passageiros do país. Ainda em 2024, chegará a vez de Palma de Maiorca; seguem-se Málaga, Gran Canária​, Tenerife, Fuerteventura. Até 2028, todos os antigos controlos deverão ter sido substituídos pelo novo sistema em todos os terminais geridos pela AENA.

"A nova tecnologia de raios X irá gerar imagens 3D" de alta resolução, resumiu a empresa num comunicado, a confirmar dados divulgados antes pelo jornal espanhol El País. acrescentando que os dispositivos electrónicos e líquidos já não terão de ser retirados da bagagem para rastreio.

Há ainda algumas dúvidas em alguns dos pontos relacionados com os líquidos, também eles uma chatice para muita gente, caso do limite de 100ml em embalagens individuais encerradas em saco de plástico transparente até ao máximo de 1l. Esta medida deverá continuar vigente até que seja alterada em toda a União Europeia, já que faz parte dos regulamentos internacionais.

A revolução na segurança aeroportuária espanhola inclui também linhas automatizadas de gestão da bagagem de mão e um sistema de inspecção remota, permitindo aos agentes efectuarem os trabalhos de inspecção à distância, adiantava o jornal. O sistema de gestão de bagagem analisa e verifica as malas detalhadamente, retirando todas as que são identificadas como dúbias ou que apresentem algum nível de risco pelo seu conteúdo; as malas regressam automaticamente às cintas e prosseguem a sua viagem até ao passageiro sem que este tenha de interferir.

A AENA tinha anunciado no início do ano um financiamento de 800 milhões de euros, via Banco Europeu de Investimento, para "projectos de segurança e inovação" nos aeroportos espanhóis.

Também no Reino Unido o próximo ano aeroportuário poderá começar com menos problemas e mostras de líquidos e aparelhos: a ordem é para que todos os aeroportos implementem o mesmo sistema até 2024.

Entretanto, sublinhe-se, até lá continuam em vigor todas as medidas tradicionais de segurança em relação a líquidos e não só (a AENA resume-as aqui, a ANA - Aeroportos de Portugal aqui)

Líquidos, um problema desde 2006

Há quase duas décadas que todos os passageiros têm preocupações acrescidas com os líquidos. As limitações entraram em vigor em toda a UE a 6 de Novembro de 2006, na sequência da descoberta de um alegado plano terrorista, pelas autoridades britânicas, de fazer explodir aviões utilizando líquidos a bordo. Agora já um hábito, os primeiros dias de implementação das então novas medidas de segurança foram uma dor de cabeça em muitos aeroportos e, também em Portugal, a causa de muitos atrasos (uma memória do primeiro dia: reportagem aqui, no PÚBLICO).

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