Inquérito de Estimação: Associação Gatos do Jardim

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda de animais que o mundo deve conhecer. A Gatos do Jardim criou um espaço para os felinos (e um coelho) viverem livremente.

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A Gatos do Jardim é a primeira aldeia de gatos em Portugal Associação Gatos do Jardim

Nasceu em 2016, em Cascais, para ser a primeira aldeia de gatos em Portugal e abriu caminho para que a ideia se fosse alargando ao resto do país. Na Associação Gatos do Jardim, tal como o próprio nome indica, estes animais vivem à solta num espaço fechado até serem adoptados. O objectivo, explica a presidente e fundadora Inês Neuparth na resposta ao nosso inquérito, é “dar casas e conforto a todos os animais”.

“Mostrámos que mesmo os gatos silvestres gostam de conforto e segurança e do quentinho de um abrigo. Mudámos mentalidades. Mesmo na nossa comunidade, as pessoas passaram a tratar os gatos de outra forma e agora há muita gente que nos visita só para ver e estar com os nossos maravilhosos gatos residentes num jardim calmo e zen”, acrescenta.

Neste momento, são 50 os felinos que vivem no jardim, mas também há espaço para a coelha Jota, outro dos animais resgatados. Além disto, a Gatos do Jardim cuida e alimenta “cerca de 200 gatos de rua espalhados por várias colónias” e procura famílias de acolhimento temporário (FAT).

Inês Neuparth é a cara da associação, mas todo este trabalho não seria possível sem os donativos e ajuda dos 31 voluntários que, tal como a presidente, "sonham com um santuário onde os animais vivam no seu habitat, protegidos, seguros e felizes”.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

A medida prioritária seria actualizar, simplificar e tornar clara a lei de protecção animal para que quem maltrata os animais seja julgado e punido. A lei fala de animais de estimação com dono, mas deve ser alargada a todos os animais, inclusive os de rua.

Dois terços do nosso trabalho e esforço financeiro e humano servem para tentar desfazer e remediar as consequências dos maus tratos aos animais, seja abandono, maus tratos físicos ou negligência. Se a lei existir e for aplicada pelos juízes, podemos concentrar-nos em ajudar os que já nasceram na rua e precisam de nós.

Um caso marcante

Temos tantos que é difícil escolher. Os de Bengalinho, Guta, Becas, Spinaquis... Mas desta vez gostava falar sobre a Elvira, uma gata que foi abandonada à entrada dos Gatos do Jardim já velha e cheia de problemas de saúde. Depois de quase dois mil euros em tratamentos continua viva e a ronronar.

O Sebastião também foi um dos gatos que nos marcou. Foi resgatado quase morto com apenas 15 dias de vida e começámos a perceber que tinha sérios sintomas de panleucopenia: tremia muito, não se conseguia aguentar em pé e balouçava tanto que tinha dificuldade em comer. O neurologista aconselhou a eutanásia, mas nós não desistimos e, apesar de ter estado internado e ter perdido metade do peso, sobreviveu e não tremeu mais. Não se percebe o que lhe aconteceu para ter os sintomas e para deixar de os ter. Só sabemos que ficou curado e foi adoptado.

Um conselho para quem quer adoptar um animal

A adopção deve ser estudada e analisada e não pode ser por impulso. Estamos a tomar decisão de ter uma vida ao nosso cuidado. Um gato não é um brinquedo e custa dinheiro mantê-lo saudável, bem alimentado e a receber os cuidados veterinários necessários. Ficamos muito felizes com adopções por amor, mas a racionalidade é importante. É uma vida tão importante como a nossa.

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A Gatos do Jardim tem 50 gatos e uma coelha Associação Gatos do Jardim

Um projecto que tem que ser conhecido

Formou-se recentemente uma associação, a Cat's World, que tem como único objectivo criar receitas para ajudar outras associações como a Gatos do Jardim.

A ideia surgiu de um casal estrangeiro que decidiu investir neste projecto e comprou um armazém em Sintra onde se está a construir um hotel de luxo para gatos, o Purrfection Plaza Cat Hotel e um espaço de montagem de mobiliário para gatos.

Todo o lucro deste projecto reverterá para os animais necessitados da Gatos do Jardim e para outras associações e cuidadores. É uma iniciativa de enorme dimensão de investimento compatível com a grandeza do coração e solidariedade deste jovem casal para com os animais.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

Não querendo soar egocêntrica, gostava de falar sobre o meu percurso como "idiota" da Gatos do Jardim. Fui viver para São Pedro do Estoril e comecei a ajudar uma senhora idosa a cuidar de uma colónia no espaço que agora é a associação. Comecei a esterilizar, cuidar, montei tendas para os gatos terem onde dormir até surgir a ideia da aldeia. Com o projecto de um arquitecto que já me tinha adoptado um gato, candidatei-me ao Orçamento Participativo de Cascais 2015. Consegui uma enorme votação e a Câmara Municipal de Cascais teve mesmo de construir a primeira aldeia de gatos do país.

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