Secretário-geral da NATO garante que não vão faltar munições à Ucrânia
Reforço da produção já permitiu recuperar o stock de obuses que estava esgotado. Ministro da Defesa alemão garante que haverá munições suficientes para os tanques Gepard até ao Verão.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou esta quarta-feira que graças ao esforço dos aliados para aumentar a sua capacidade de produção de munições, o risco de escassez e desabastecimento da Ucrânia parece estar ultrapassado.
“Sabemos que as necessidades de munições são enormes. Esta é uma guerra de atrito e de logística, e por isso decidimos rever as nossas guias sobre a reposição dos stocks e das reservas para podermos continuar a apoiar a Ucrânia”, declarou Stoltenberg, no final de uma reunião dos ministros da Defesa da aliança atlântica em Bruxelas.
Depois de ter feito soar o alarme sobre a urgência do fornecimento de mais material de guerra à Ucrânia, particularmente munições, o secretário-geral da NATO saudou o esforço dos países que já começaram a reforçar a sua capacidade de produção e armazenamento — caso dos Estados Unidos da América, França, Alemanha e Noruega.
Segundo disse, esse esforço já permitiu recuperar as reservas de obuses de 155 milímetros, que estavam esgotados. “Com isso, poderemos repor os nossos próprios stocks, e também continuar a dar apoio à Ucrânia”, notou.
Stoltenberg referiu ainda os compromissos assumidos por outros aliados de aumentarem o investimento no fabrico de armamento. “Sabemos que demorará algum tempo a ter efeito, mas é um passo na direcção certa”, considerou.
Pelo seu lado, o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, garantiu que existem munições suficientes para os sistemas de artilharia de fabrico alemão que estão a ser utilizados na Ucrânia. “Temos munições suficientes para os tanques Gepard até ao próximo Verão”, informou.
“Isso é crítico”, considerou o líder da NATO, insistindo que “a Ucrânia dispõe de uma janela de oportunidade para virar o jogo” no campo de batalha, mas para isso a mobilização de mais recursos militares para o país “é essencial”.
Além do apoio à Ucrânia, e da avaliação da postura de dissuasão e defesa da aliança, no contexto da guerra de agressão da Rússia — “o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, lembrou Stoltenberg —, os ministros da Defesa já começaram a preparar a próxima cimeira dos líderes da NATO, em Julho, em Vilnius.
A expectativa de Stoltenberg é que os aliados concordem em rever os termos do acordo de investimento de 2% do PIB na Defesa que fecharam no País de Gales, em 2014, e coloquem esse valor como base para um novo compromisso com a despesa militar para além de 2024.
“Vários países já estão a gastar pelo menos 2% do PIB na Defesa e no ano de 2022 tivemos o oitavo ano consecutivo de aumento da despesa, com um investimento adicional de 350 mil milhões de dólares. Mas é preciso fazer mais”, considerou.
Questionada sobre o compromisso de Portugal, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, recordou a decisão do Governo de antecipar já para este ano a meta de gastar 1,66% do PIB que tinha sido estabelecida para 2024 — e que com a adição dos fundos europeus direccionados ao sector da Defesa, levariam o país a gastar 1,98% no final do próximo ano.
“É esse o nosso compromisso actual”, declarou a governante, que não excluiu a hipótese de uma revisão das metas nacionais, no âmbito do debate entre os aliados da NATO. “Vamos ponderar a forma como podemos, realisticamente e de forma séria, avaliar os nossos objectivos e contribuições. Até Vilnius seguramente haverá novidades”, prometeu Helena Carreiras.
O secretário-geral da NATO espera que a Suécia e a Finlândia possam participar na cimeira de Vilnius como membros de pleno direito da aliança, uma vez que já cumpriram integralmente “as suas obrigações” inscritas no memorando trilateral que acordaram com a Turquia antes da assinatura dos respectivos protocolos de adesão, em Julho do ano passado.
“A Finlândia e a Suécia candidataram-se juntas à NATO, e os 30 aliados da NATO tomaram a decisão histórica de convidar a Finlândia e a Suécia a aderir, assinando os dois protocolos de adesão em conjunto”, recordou Stoltenberg, que renovou o apelo para que a Hungria e a Turquia ratifiquem o mais rapidamente possível os dois protocolos.
Um derradeiro passo que a Turquia diz não estar disposta a dar no caso da Suécia, enquanto não for resolvido um diferendo relativo à deportação de activistas curdos refugiados no país. “Essa é uma decisão da Turquia, não é da NATO”, disse Stoltenberg, que admitiu a hipótese de uma adesão desfasada dos dois países, desvalorizando que se trate de um problema. “A sequenciação não é o mais importante. O mais importante é que tanto a Finlândia como a Suécia se tornem membros da aliança em breve”, considerou.