EUA recuperam sensores do balão chinês

Um memorando do Pentágono descreve um dos outros três objectos, o aparelho abatido sobre o Canadá, como um “balão metálico, pequeno, com uma carga amarrada debaixo dele”.

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Operações para recuperar os destroços do balão chinês ainda continuam Reuters/US NAVY

Enquanto o Senado se queixa da pouca informação que tem recebido da Casa Branca sobre os quatro objectos abatidos nos últimos dez dias pela Força Aérea dos Estados Unidos, os militares afirmaram ter recuperado “destroços significativos do local [onde o primeiro balão foi abatido], incluindo todos os sensores prioritários e peças electrónicas identificadas”.

Segundo o Pentágono, este primeiro balão, abatido a 4 de Fevereiro sobre o Oceano Atlântico, ao largo das costas da Carolina do Sul, e que Washington identificou como sendo chinês (o que a China admitiu, afirmando que era um aparelho civil desviado pelos ventos), tinha 60 metros de altura e uma base do tamanho de três autocarros. O FBI já está a examinar as peças e os sensores recuperados – de acordo com Washington, estavam a ser usados para espiar instalações militares sensíveis.

O balão chinês foi detectado pelos radares dos EUA a 28 de Janeiro. Nos dias seguintes, entrou no espaço aéreo norte-americano através do Alasca e sobrevoou toda a costa ocidental do Canadá até chegar ao estado norte-americano do Idaho.

Depois do balão abatido a 4 de Fevereiro, entre sexta-feira e domingo, o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte abateu outros três "objectos não identificados" — um sobre o Alasca, outro sobre o território canadiano do Yukon e um terceiro sobre o Lago Huron, no estado norte-americano do Michigan, região dos Grandes Lagos, junto à fronteira com o Canadá.

Explicando que o Comando do Norte das Forças Armadas, a Guarda Costeira e o FBI estão “a iniciar as operações para localizar os destroços [junto ao Lago Huron] em colaboração próxima com os canadianos”, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, sublinhou que os três últimos objectos identificados e abatidos “são muito diferentes” do balão que atravessou os EUA dias antes.

“Quero ser claro, os três objectos abatidos durante este último fim-de-semana são muito diferentes daquilo de que estávamos a falar a semana passada”, afirmou Austin, na segunda-feira à noite. “Sabíamos exactamente o que esse era – um balão de espionagem da PRC [República Popular da China]”. Já em relação aos últimos três, a Casa Branca tem repetido que não conhece a sua origem nem propósito.

Em relação ao objecto abatido sobre o Canadá, um memorando do Pentágono obtido pela CNN descreve-o como um “balão metálico, pequeno, com uma carga amarrada debaixo dele”.

Os membros do Senado, afirmou, entretanto, o líder da maioria democrata, Chuck Schumer, “só obtiveram detalhes preliminares” sobre os objectos abatidos durante o fim-de-semana, e esperam mais informação num briefing previsto para esta terça-feira. “Penso que deveria haver mais transparência – e acredito que isso pode ser feito de forma a proteger a segurança nacional, fontes e métodos”, defendeu o senador Ron Wyden, democrata membro da Comissão dos Serviços Secretos.

O Governo chinês diz, por seu turno, que detectou mais de dez balões de elevada altitude dos EUA a sobrevoar o seu espaço aéreo sem autorização desde o início de 2022. A Casa Branca negou as acusações de Pequim.

As Forças Armadas norte-americanas admitiram que o Pentágono falhou a detecção de três anteriores missões chinesas durante a Administração Trump e de uma outra no início do mandato de Joe Biden — quatro casos que foram catalogados, no início, como objectos voadores não identificados (OVNI).

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