Líder do grupo Wagner diz que já não está a recrutar reclusos

A conquista de Soledar, em meados de Janeiro, e o prolongado combate por Bakhmut terão infligido perdas consideráveis à organização de Prigojin.

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Sede do grupo Wagner, em São Petersburgo EPA/ANATOLY MALTSEV

O líder do grupo paramilitar russo Wagner, Ievgueni Prigojin, garantiu esta quinta-feira, através do seu serviço oficial de imprensa, que “o recrutamento de prisioneiros” para combaterem na Ucrânia “parou completamente”.

O recrutamento de reclusos de cadeias russas pelo grupo Wagner começou em meados do Verão passado com a promessa de bons salários, uma amnistia total se os voluntários cumprirem seis meses de serviço e uma indemnização às famílias em caso de morte. Os serviços secretos britânicos e norte-americanos acreditam terem sido recrutados 40 mil homens, enquanto a líder de uma ONG que apoia reclusos calcula que foram 50 mil os que partiram para a Ucrânia.

Olga Romanova, fundadora do Rússia Atrás das Grades, calculou no fim de Janeiro que, do total de reclusos recrutados, apenas 10 mil se mantivessem na frente de guerra, porque os restantes “morreram, estão feridos, desapareceram, desertaram ou renderam-se”, disse, citada pelo jornal Meduza.

Os mercenários do grupo Wagner têm estado na linha da frente das batalhas mais duras no Donbass, onde ambos os lados estão a sofrer baixas enormes diariamente. A conquista de Soledar, em meados de Janeiro, e o prolongado combate por Bakhmut terão infligido perdas consideráveis à organização de Prigojin, que não estará a ser bem-sucedida nos esforços de recrutamento.

De acordo com uma investigação publicada esta semana pelo Mediazona, outro jornal russo independente, os recrutadores do grupo Wagner começaram a regressar às prisões no fim de 2022, mas já não conseguem aliciar tantos voluntários como anteriormente. Os reclusos mantêm contacto com antigos companheiros de cadeia que lhes relatam a difícil situação na frente e as muitas mortes registadas entre ex-prisioneiros, contam vários ao jornal. Além disso, os recrutadores não escondem os métodos de disciplina brutais, que podem culminar com a execução dos soldados – e, nesse caso, as famílias não recebem nada.

Olga Romanova garantiu há poucos dias ter recebido relatos de que continuam a ser recrutados reclusos nas cadeias russas, mas que quem aparece são funcionários do Ministério da Defesa e que estes fazem questão de sublinhar que não trabalham para o grupo Wagner.

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