Desemprego sobe para 6,5% no último trimestre de 2022

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a população desempregada ficou perto das 343 mil pessoas. Emprego recuou ligeiramente na fase final do ano.

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O número de desempregados inscritos nos centros de emprego também está a aumentar há cinco meses consecutivos Rui Gaudêncio

Os últimos meses de 2022 trazem sinais de que o mercado de trabalho poderá estar num momento de viragem. No quarto trimestre, a taxa de desemprego aumentou para 6,5%, atingindo o nível mais alto desde o segundo trimestre de 2021, quando Portugal esteve sujeito a um novo confinamento por causa da covid-19.

No boletim divulgado nesta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) adianta que a taxa de desemprego ficou acima dos 5,8% registados no trimestre anterior e dos 6,3% verificados no final de 2021.

O número de pessoas desempregadas chegou aos 342,7 mil, o que representa mais 12,1% do que no trimestre anterior e mais 3,7% do que no trimestre homólogo.

O INE sublinha que a evolução homóloga da população desempregada foi resultado dos acréscimos verificados nas mulheres (9%); nas pessoas dos 35 aos 44 anos (16,9%); que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico (18,9%); à procura de novo emprego (6,8%); e desempregados há menos de 12 meses (15,6%).

O desemprego de longa duração diminuiu. No último trimestre de 2022, 42% da população desempregada estava nessa situação há 12 ou mais meses, valor inferior em 0,1 pontos percentuais ao do trimestre precedente e em 6 pontos percentuais ao do trimestre homólogo.

Também o peso do desemprego de muito longa duração (pessoas desempregadas há 24 ou mais meses) no desemprego de longa duração foi de 65,1%, o que representa uma diminuição em relação ao trimestre anterior e um aumento relativamente ao mesmo trimestre de 2021.

A subutilização do trabalho — um indicador que dá uma ideia mais abrangente do desemprego porque, além da população desempregada, agrega o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inactivos disponíveis e não disponíveis — abrangeu 633,1 mil pessoas.

A taxa de subutilização do trabalho foi de 11,7%, tendo aumentado de 0,5 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e mantendo-se inalterada em comparação com o período homólogo.

Apesar de os últimos meses trazerem sinais de preocupação, quando se compara a totalidade do ano de 2022 com o de 2021, assistiu-se a um recuo da taxa de desemprego global para 6%, ficando abaixo dos 6,6% registados no ano anterior.

Esta diminuição do desemprego anual fez-se sentir em todas as regiões do país, com excepção da Área Metropolitana de Lisboa, onde a taxa aumentou de 6,8% para 7,2%.

No último trimestre de 2022, o INE dá conta de uma descida do nível do emprego. A população empregada — estimada em pouco mais de 4,9 milhões de pessoas — teve uma diminuição de 0,5% face ao trimestre anterior, o que representa menos 26,2 mil pessoas a trabalhar.

Já na comparação com o trimestre homólogo de 2021, assistiu-se a um aumento de 0,5%, traduzindo-se em mais 23,9 mil pessoas.

O aumento homólogo da população empregada ficou a dever-se ao acréscimo do emprego de mulheres (0,8%); jovens dos 16 aos 24 anos (16,2%); com ensino secundário ou pós-secundário (3,9%); empregados na indústria transformadora (5,5%); trabalhadores por conta de outrem (1,8%), com contrato a termo (6,5%) e a tempo completo (0,8%).

Já a proporção da população empregada que esteve em teletrabalho (ou seja, trabalhou a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação) foi de 17% (835,9 mil pessoas). Esta percentagem não teve alterações face ao terceiro trimestre.

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