Maternidade: cara ou coroa?
Um ensaio de resposta à interrogação sobre se é possível uma mulher decidir racionalmente ser mãe ou não ser (mãe).
Ser mãe ou não ser mãe, eis a indecisão que devora a narradora, e praticamente a única personagem, de Maternidade (2018), penúltima obra da escritora canadiana Sheila Heti (Toronto, 1976). Livro semificcional ou paraficcional, sob a forma de monólogo fragmentário, silencioso e obsessivo, que se desenrola na consciência de uma mulher — disputada, por um lado, pela sua circunstância biológica e social e respectivos imperativos mais ou menos categóricos e, por outro, pelo desejo ou vontade de liberdade individual e artística. Uma liberdade que vem antes, e continua depois, da sua condição de género: “ — e não colocar ‘mulher’ à frente da minha individualidade. Certo?” (p. 36) Isto não é pouco importante. Certo?
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