Greve por salários na CP sem serviços mínimos. Circulação afectada até dia 21

Quem comprou bilhete para comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, Interregional e Regional pode pedir o reembolso total ou a revalidação gratuita.

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Maquinistas paralisam até dia 17, mas as consequências podem estender-se por mais quatro dias Paulo Pimenta (arquivo)

A paralisação convocada por diferentes sindicatos de trabalhadores ferroviários, que entregaram pré-avisos de greve por causa da falta de acordo para aumentos salariais que evitem a perda de poder de compra, não será acompanhada por serviços mínimos. Como tal, diz a CP, a circulação de comboios pode ser afectada por um período mais longo do que o actualmente previsto, a começar já nesta quarta-feira e arrastando-se até ao próximo dia 21 de Fevereiro.

A CP diz que “lamenta os incómodos” e aconselha passageiros e portadores de bilhete a informarem-se sobre o estado do serviço no site (www.cp.pt) ou na linha de atendimento (808 109 110), taxada como chamada para a rede fixa nacional. Quem comprou bilhete para comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, Interregional e Regional “pode pedir o reembolso total ou a revalidação gratuita para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe”.

Diversos sindicatos encontraram na greve o caminho para protestarem contra o impasse em que parece ter caído a negociação de aumentos salariais em 2023. O Smaq — Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses convocou para quinta-feira, dia 9 de Fevereiro, uma “​greve total”​.

Porém, os impactos desta decisão começarão a sentir-se já no dia 8, porque “todos os trabalhadores cujo turno se inicie no dia 8 de Fevereiro e termine já no dia 9 de Fevereiro fazem greve logo desde o início do seu turno”.

Da mesma forma, “todos os trabalhadores cujo turno se inicie no dia 8 de Fevereiro e implique repouso fora de sede fazem greve a todo o turno no dia 8 de Fevereiro”.

Depois, a partir das 00h00 do dia 10 de Fevereiro, sexta-feira, e as 24h00 do dia 16 de Fevereiro de 2023 (uma quinta-feira), os maquinistas ou maquinistas técnicos farão greve em “todos os períodos normais de trabalho diários que tenham a duração prevista superior a 7h30”.

A lista de reivindicações do Smaq inclui pelo menos mais cinco pontos além da revalorização salarial. Durante as negociações, a CP propôs um aumento global de 4%, depois de um ano em que a inflação foi de 7,8%. Essa proposta, diz o Smaq, representaria um aumento de 51 euros, comum a todos os índices, representando assim um aumento médio de 3,89%.

Os maquinistas também pedem melhores condições de trabalho nas cabines de condução, um protocolo efectivo de acompanhamento psicológico aos maquinistas em caso de colhida de pessoas na via e acidentes e a “humanização das escalas de serviço”, com redução dos repousos fora da sede, entre outras reivindicações.

Também o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) se associa a esta luta. “As reuniões de negociação nas empresas públicas do sector ferroviário caracterizam-se por propostas que significariam nova redução do poder de compra, que, conjugada com a perda no ano passado, seria na ordem dos 10%”, diz esta estrutura sindical, que agendou uma paralisação dos trabalhadores que representa apenas para o dia 9 de Fevereiro, quinta-feira.

O SNTSF calcula que o aumento dos salários teria de ser “na ordem dos 100 euros mensais” para “repor essa perda de poder de compra”, e lamenta que tanto a IP como a CP estejam a propor aumentos “pouco acima dos 3%”.

O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante é outra estrutura sindical que se associou a esta paralisação.

No caso dos trabalhadores da Infra-Estruturas de Portugal (IP), o aumento proposto também ronda os 5%, segundo a federação sindical Fectrans, acrescido de um aumento de 0,69 euros no subsídio de refeição, “e um valor igual para as ajudas de custo referentes ao período de almoço”.

“No espaço de dois anos, os trabalhadores vêem os seus salários degradados em cerca de 10%. Não aceitamos que o Governo e a administração da IP insistam em não sair de uma massa salarial de 5,1% que terá de dar para tudo. Desde os aumentos dos salários, às progressões, promoções, diuturnidades, subsídio de refeição e ajudas de custo”, conclui.

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