Anthony Marra, escritor da guerra: “Não se perde o sentido de humor quando se perde tudo o resto”
O absurdo da guerra, a ironia como gesto de sobrevivência, a moral. O americano Anthony Marra escreve para tentar chegar à essência que encontra na literatura russa.
Kirovsk é uma pequena cidade acima do círculo polar Ártico fundada em 1926 depois da descoberta de depósitos de minério. Fica no sopé das montanhas Khibiny, a mais de 1800 quilómetros a norte de Moscovo, a um dia de viagem de carro quase sem paragem para um café. O escritor Anthony Marra esteve lá nos primeiros anos deste século. Foi à cidade ultra poluída num dos lugares mais recônditos da então designada “nova Rússia”, a que saía da queda do regime soviético, e fez desse território inóspito um símbolo da trágica existência de um povo. Avós e netos numa circularidade impossível de fuga. Fuga de quê? Naqueles anos, de duas guerras, as guerras da Tchétchénia, que entravam na espiral de sofrimento, resignação e medo que o escritor narra à sombra de uma Floresta Branca, um bosque artificial que fez parte do jogo entre o poder e os súbditos ao longo do século XX e já com o pé no século XXI.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.