Prestação de crédito de 150 mil euros com Euribor a 12 meses sofre aumento de 295 euros

Taxas associadas ao crédito à habitação agravaram-se em Janeiro, provocando forte subida nas prestações dos contratos a rever em Fevereiro, mais expressivas nos prazos a seis e 12 meses.

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Contratos à habitação a rever em Fevereiro sofrem agravamentos de prestação muito significativos Paulo Pimenta

Já se adivinhava que as médias das taxas Euribor utilizadas na grande maioria dos empréstimos à habitação existentes em Portugal iam dar um salto expressivo em Janeiro, mas a dimensão dos novos valores não deixam de impressionar, especialmente quando se avalia o impacto num empréstimo de 150 mil euros. No prazo mais longo, são mais de 295 euros por mês, a pagar nos próximos 12 meses (ou mais 3540 euros num ano), tendo em conta um spread, ou margem comercial do banco, de 1%, a 30 anos.

As médias das taxas, arredondadas à milésima, subiram em Janeiro para 2,345% a três meses, acima dos 2,063% de Dezembro, e para 2,858% e 3,337% a seis e 12 meses, contra valores de 2,560% e 3,018% do mês anterior, respectivamente. Serão os valores deste mês que servirão de base para a revisões de contratos que venham a ocorrer em Fevereiro, e para as novos empréstimos a contratar nos próximos 28 dias.

O impacto das subidas é difícil de acomodar para muitas famílias, e acontece com maior violência na Euribor a 12 meses, que está substancialmente mais alta que prazos mais curtos, e porque a última revisão ocorreu em Fevereiro de 2022 (com a média de Janeiro desse ano), quando a taxa estava em valor negativo (-0,477%).

A nova prestação mensal de um empréstimo de 150 mil euros, a 30 aos, com um spread de 1% e a média Euribor de Janeiro, que corresponde a taxa final de 4,345%, será de 745,30 euros, quando correspondia a 450,30 euros com a taxa de Janeiro de 2022. É um agravamento de 65,51%. Os contratos a rever em Fevereiro associados ao prazo mais longo só voltarão a ser revistos em Fevereiro de 2024.

Os empréstimos associados à Euribor a seis meses com actualização da taxa no próximo mês também sentirão um aumento muito significativo.

A mesma simulação mostra que a prestação sobe para 703,90 euros. Como a última revisão deste empréstimo ocorreu em Agosto, com a média do mês anterior (0,466%), o aumento é de 188,03 euros, mais 36,6% no espaço de seis meses. A próxima actualização será feita em Agosto.

A evolução da Euribor a três meses também traz más notícias a que tem empréstimos com este indexante, mas de forma mais suave.

Mantendo as premissas da simulação com alteração apenas da taxa, este contrato passará a ter uma prestação 660,66 euros, contra os 587,08 euros anteriores. Ou seja, sofre um agravamento de 12,5% face à última revisão, ocorrida em Novembro passado. Como se trata de um prazo mais curto, voltará a ser revisto no próximo mês de Maio.

Máximo de 14 anos

As recentes subidas das Euribor atiram o valor diário para máximos de 14 anos, mais concretamente desde Dezembro de 2008. O último valor de Janeiro da Euribor a três meses, fixado esta terça-feira, quebrou a barreira dos 2,5%, ao fixar-se em 2,512%, que representa ainda uma subida maior, de três pontos percentuais, face a mínimo de Janeiro de 2022.

Também a Euribor a seis meses está muito perto de atingir os 3%, tendo subido 0,029 pontos percentuais para 2,988%. Um valor acumulado desde início de Junho, igualmente uma forte escalada face aos -0,5% que registava há cerca de 12 meses.

Na Euribor a 12 meses a escalada é ainda maior. Na sessão desta terça-feira este prazo subiu 0,045 pontos, a maior subida dos três períodos das taxas Euribor, passando para 3,415%.

As Euribor têm acompanhado o aumento das taxas directoras do Banco Central Europeu (BCE), uma das “armas” utilizada pelos bancos centrais para combater a escalada da inflação. Esta quinta-feira, o Conselho de Governadores do BCE volta a reunir-se, e deverá decidir mais um aumento de 0,5%, movimento que as Euribor têm vindo a antecipar.

A taxa de refinanciamento do BCE, referência para os empréstimos aos bancos comerciais, está actualmente em 2,5%, e a taxa de juro de depósito (a taxa a que remunera os depósitos feitos pelos bancos no banco central) em 2%.

As Euribor são fixadas diariamente, no mercado monetário, a partir das taxas que um conjunto alargado de bancos está disponível para conceder empréstimos entre si.

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