Apelo de sindicato para maior adesão a greve teve resposta mista
Greve por tempo indeterminado, convocada pelo Stop, levou ao encerramento de algumas escolas. Greve distrital com adesão de 95%, segundo Fenprof.
O apelo do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) para uma adesão mais forte à greve nos dias que antecedem os serviços mínimos, levou ao encerramento de algumas escolas, enquanto outras continuam abertas.
Ainda sem dados nacionais sobre a adesão à greve, o dirigente do Stop André Pestana reconheceu que nas escolas que funcionam por semestres os docentes têm optado por não usar a greve para perturbar os processos de avaliação que estão neste momento a decorrer.
Durante a manifestação que se realizou no sábado em Lisboa, André Pestana apelou aos trabalhadores das escolas para que aderissem em força à greve durante estas segunda e terça-feira, antes de começarem os serviços mínimos decididos na sexta-feira pelo Tribunal Arbitral.
A Lusa contactou docentes de escolas de Loures e de Odivelas, que funcionam por semestres e estão neste momento em pausa lectiva, que confirmaram que as avaliações dos alunos iriam decorrer com normalidade.
Numa ronda por algumas regiões do país, a Lusa encontrou escolas que, pela primeira vez, não abriram as portas nesta segunda-feira, como foi o caso da Escola Básica 2/3 de Marrazes, em Leiria.
Adesão de 95% à greve distrital
No entanto, Leiria é o distrito onde está também a decorrer a greve convocada pela plataforma de nove estruturas sindicais, da qual fazem parte as duas maiores federações sindicais do sector da educação: a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE).
A greve desta segunda-feira levou ao encerramento de dezenas de escolas de norte a sul do distrito de Leiria. Alunos de Leiria, Marinha Grande, Batalha, Nazaré, Caldas da Rainha, Bombarral, Castanheira de Pêra, Pombal e Ansião ficaram sem aulas, tendo havido muitas escolas do 1.º ciclo encerradas.
Em declarações a jornalistas, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira apontou para uma adesão de cerca de 95% em Leiria.
Mais a norte, em Braga, a Escola Secundária Maximinos foi uma das que também esteve encerrada. O director Paulo Antunes explicou que aquela secundária tem a particularidade de ter “muito 3.º ciclo”, já que de um total de 455 alunos, 222 são do secundário.
“Temos tanto ou mais 3.º ciclo do que algumas escolas básicas da cidade”, disse o director, que acredita que é neste ciclo de ensino que há mais contestação de professores, por serem maioritariamente de escalões mais baixos.
“A contestação está até ao 5.º e 6º escalões”, referiu, lembrando que a escola, que integra o agrupamento de Maximinos, tem registado “uma forte adesão” às greves dos últimos tempos. “Só numa semana, esteve fechada quatro dias”, disse.
Ao início da manhã, a Lusa tinha ainda a informação de que havia outras três escolas do 1.º ciclo em Braga encerradas: Gondizalves, Naia e Gandra.
Em Lisboa, a Escola Teixeira de Pascoais foi um exemplo do que se passa no país, tendo havido um pouco de tudo, desde greve total a parcial, segundo relatos de encarregados de educação à Lusa.
Há alunos que foram para casa e outros que tiveram aulas normalmente, contou a mãe de uma criança do 2.º ano. A família soube “pouco antes das nove da manhã que a professora tinha aderido à greve”.
A greve por tempo indeterminado convocada pelo Stop começou em Dezembro de 2022, contra a proposta da tutela de contratação e colocação de professores, quando ainda decorriam as rondas negociais.
Entretanto, também o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) convocou uma greve às primeiras horas de trabalho e, mais tarde, uma plataforma de sindicatos avançou também com uma greve, que se realiza por distritos.
Além das greves, professores e pessoal não docente têm participado em protestos e manifestações em Lisboa exigindo aumentos salariais e melhores condições de trabalho.