O que mudariam os jovens no país? Tectos para rendas e fim das propinas

Estudo da Católica inquiriu 900 jovens sobre modos de participação sociais e cívicos. Renovar os quadros, apoiar o empreendedorismo e acabar com os recibos verdes são algumas das sugestões.

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Jovens são críticos dos valores praticados no mercado habitacional Nuno Ferreira Santos

Além de aferir a participação política dos jovens, concluindo que os jovens são activos politicamente, um novo estudo da Universidade Católica para o Conselho Nacional de Juventude (CNJ) elabora um retrato sobre a capacidade de emancipação dos mais novos que, à primeira vista, parece positivo. Do universo de mais de 900 jovens inquiridos, entre os 18 e os 30 anos, 48,2% estão empregados e 46,5% dizem “viver razoavelmente”, existindo apenas 19,9% que consideram “ser difícil viver com o rendimento que auferem”.

Estas percentagens podem, contudo, estar relacionadas com o facto de o grosso dos jovens serem estudantes (58,8%) e ainda viverem com a família (83%) ou numa casa da família (72,8%). Especialmente, se tivermos em conta que a maioria dos jovens que “dizem ser muito difícil viver com os seus rendimentos” vivem numa casa arrendada (46,7%).

Na verdade, 67,3% “admite viver numa situação precária” devido aos baixos salários, ao vínculo laboral, à falta de progressão na carreira ou à dificuldade de conciliar a vida profissional com a familiar.

O estudo sugere, por isso, que os jovens passam por “múltiplas dificuldades de emancipação”, sendo as suas maiores preocupações “a falta de oportunidades laborais”, a “precariedade”, os “baixos salários” e “o acesso a habitação” — uma realidade que se torna mais clara pelo facto de 63,1% dos inquiridos se sentir “dependente financeiramente da sua família”.

Estes constrangimentos têm múltiplas consequências, nomeadamente, a nível da participação política, mas também da capacidade de os jovens terem filhos. Não chegam a 7% os participantes do estudo que já têm filhos, embora 75,8% demonstrem essa intenção.

Quanto às expectativas para o futuro das gerações mais novas, os inquiridos sinalizam a contratação de jovens, a renovação das carreiras da função pública, a segurança e a aposta em iniciativas comunitárias e populares. Por outro lado, os jovens são críticos dos valores praticados no mercado habitacional, da justiça, do sistema de impostos ou do sistema de ensino.

E têm soluções para os problemas que os afectam: renovar os quadros, apoiar o empreendedorismo, criar quotas para a contratação de jovens ou acabar com os recibos verdes.

Especificamente na área da habitação, propõem regular o mercado com tectos máximos para as rendas, bolsas de apoio à habitação e ajudas do Estado para o pagamento da entrada na compra de casa.

No ensino, querem mais estágios nas licenciaturas (que defendem que "devem ser remunerados sem excepções"), acabar com as propinas e criar melhores condições de acesso às bolsas de estudo.

Na saúde, o foco está em aumentar a oferta de consultas de saúde mental e o número de psicólogos ou ainda "o reforço geral do SNS [Serviço Nacional de Saúde]".

Já sobre mobilidade, pedem mais transportes públicos no interior e passes sociais até aos 30 anos.

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