“Não fiz nada”: Tyre Nichols espancado até à morte por polícias. Biden “indignado” com vídeo

Joe Biden mostrou-se “indignado” com vídeo que mostra polícias a espancar Tyre Nichols com murros, pontapés na cabeça e bastonadas. Jovem morreu três dias depois.

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Mais de 100 pessoas manifestaram-se em Times Square Reuters/EDUARDO MUNOZ
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Protestos saíram às ruas nos Estados Unidos na madrugada deste sábado Reuters/ANDREW KELLY
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Manifestante pede justiça "por qualquer meio",Manifestante pede justiça "por qualquer meio" EPA/TANNEN MAURY,EPA/TANNEN MAURY
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Tyron Nichols foi pontapeado na cabeça Reuters/MEMPHIS POLICE DEPARTMENT
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Protestos chegaram à Casa Branca Reuters/NATHAN HOWARD
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Joe Biden mostrou-se "indignado" com o vídeo EPA/TANNEN MAURY
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Filha de Rodney King assiste às imagens divulgadas pelas forças policiais Reuters/ALLISON DINNER
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Agentes envolvidos no espancamento de Nichols foram demitidos EPA/TANNEN MAURY
,Departamento de Polícia de Memphis
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Viatura da polícia danificada Reuters/EDUARDO MUNOZ

O vídeo do espancamento fatal do jovem Tyre Nichols por cinco polícias em Memphis, no estado norte-americano do Tennessee, desencadeou protestos em várias cidades dos Estados Unidos ao final da noite desta sexta-feira. Em Memphis, centenas de pessoas bloquearam o trânsito numa auto-estrada, com os manifestantes a pedirem para falar com o autarca da cidade, Jim Strickland, e com a chefe do departamento da polícia, Cerelyn Davis.

A polícia divulgou o vídeo das agressões dos agentes a Nichols, na tarde desta sexta-feira. A fita do tempo da tragédia é formada pelas imagens captadas pelas câmaras dos agentes da polícia, bem como pelas gravações de videovigilância no local onde ocorreu o espancamento. No total, o vídeo tem 67 minutos de duração.

Tyre foi parado por uma patrulha, no dia 7 de Janeiro, após uma alegada violação de trânsito. "Não fiz nada", disse o jovem, quando foi abordado pela polícia de arma em riste, não mostrando qualquer conduta violenta. "Apenas estou a tentar ir para casa", pode ouvir-se nas imagens captadas pelo agente. Ao ser ameaçado com um taser, Tyron consegue fugir aos agentes da polícia a pé. É interceptado pouco tempo depois pela mesma patrulha. As imagens que se seguem mostram Tyre já no chão imobilizado, a ser atingido nos olhos com um spray de gás pimenta.

As imagens mais marcantes são as captadas por uma câmara de vigilância instalada num poste de iluminação pública, onde se pode ver como os agentes pontapearam Nichols, inclusive na cabeça, e lhe bateram com um bastão.

Tyre estava no chão, quase inconsciente, mas a violência não parou. Num destes momentos, dois polícias levantam o jovem do chão e fazem-no sentar. Incapaz de se segurar, é apoiado nesta posição por dois agentes, enquanto um terceiro o agride nas costas com um bastão extensível. A cena de violência aconteceu a poucos metros da casa de Tyre, que várias vezes chamou pela mãe.

A equipa de emergência demorou 26 minutos a chegar ao local. Nichols acabou por morrer três dias mais tarde no hospital, na sequência dos ferimentos sofridos.

"Faço policiamento há mais de 30 anos, dediquei a minha vida a esta profissão. Estou de luto. Francamente, estou chocado. Estou enojado com a violência que vi", afirmou o director do Departamento de Investigação Federal do Tennessee, em conferência de imprensa.

Centenas de pessoas saíram para protestar em várias cidades dos EUA, incluindo Nova Iorque, Atlanta, Washington D.C. e Detroit. Em Nova Iorque, mais de 100 pessoas manifestaram-se em Times Square, no centro de Manhattan.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, mostrou-se "indignado" após visualizar os vídeos e apelou às pessoas para que não recorressem à violência para exprimir a sua raiva "justificável".

"Não há palavras para descrever a dor e o luto de perder um filho amado e um jovem pai. Nada vai trazer o senhor Nichols de volta para a sua família e para a comunidade de Memphis", lamentou o Presidente norte-americano, em comunicado publicado esta sexta-feira, reiterando que a família merece uma investigação "ágil, completa e transparente".

Os agentes envolvidos no espancamento foram demitidos do departamento de polícia e enfrentam uma série de acusações criminais pela morte de Nichols. O procurador-geral, Merrick Garland, prometeu na sexta-feira uma investigação à morte de Nichols e apelou também a que quaisquer protestos sobre o incidente fossem pacíficos.

Ainda não é clara a razão para a polícia mandar parar Nichols na rua. A polícia de Memphis adiantou que o motivo foi "condução perigosa", mas, em declarações à CNN, a chefe da polícia, Cerelyn Davis, disse que não foram apresentadas provas para substanciar essa acusação.

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Manifestante sobe a carro da polícia em Nova Iorque TWITTER/@DATAINPUT

A polícia nos EUA tem sido acusada por organizações de direitos humanos de uso desproporcionado da violência contra a população negra no país.

Quase um terço de todas as pessoas mortas pela polícia nos EUA em 2021 eram afro-americanos, apesar de representarem apenas 13% da população do país.