A Jornada Mundial da Juventude é um encontro religioso entre jovens de todo o mundo e o Papa. Dura mais ou menos uma semana e é simultaneamente uma peregrinação e uma festa da juventude aberta a todos, "mais próximos ou mais distantes da Igreja", como se explica na página oficial JMJ Lisboa 2023. "Acontece todos os anos a nível diocesano, até agora por altura do Domingo de Ramos e a partir de 2021 no Domingo de Cristo Rei. A cada dois, três ou quatro anos ocorre como um encontro internacional, numa cidade escolhida pelo Papa, sempre com a sua presença. Reúne milhares de jovens para celebrar a fé e a pertença à Igreja", acrescenta-se.

Como foi anunciado pelo Papa Francisco na Cidade do Panamá, aquando da última jornada, a edição de 2023 (que foi adiada um ano por causa da pandemia) vai realizar-se em Lisboa, sobretudo na zona do Parque das Nações, mais concretamente no Parque Tejo-Trancão. Na zona do recinto principal será construído o altar-palco e é aí que está previsto realizar-se a missa de abertura, o acolhimento do Papa e a via-sacra. O evento passará, no entanto, por outras zonas da cidade de Lisboa, como o Terreiro do Paço, a Alameda D. Afonso Henriques, o Parque Eduardo VII e o Parque da Belavista. E estender-se-á a Oeiras, onde se realiza o encontro final do Papa Francisco com os voluntários.

A jornada propriamente dita dura seis dias, de 1 a 6 de Agosto. Muito antes disso, em Novembro de 2021, começou a Peregrinação dos Símbolos da JMJ pelas 21 Dioceses de Portugal, uma forma de preparar o país para o maior encontro de jovens do mundo. Esta ronda começou no Algarve, subiu para Beja, Évora, Portalegre e há-de andar pelo país todo até chegar, em Julho de 2023, a Lisboa. A Cruz peregrina e do ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani são os dois símbolos da Jornada Mundial da Juventude que fazem parte da peregrinação.

O número de participantes na Jornada Mundial da Juventude tem vindo a evoluir desde que foi anunciada a localização. Chegou a ouvir-se o sonoro número de 1,5 milhões de jovens de 180 países, mas as previsões foram sendo adequadas ao momento da pandemia. “Antes da covid, nós olhávamos para Cracóvia e para Madrid, que foram as duas últimas jornadas na Europa, e achávamos que iríamos estar mais ou menos nesse intervalo. Depois da covid, as coisas ficaram muito mais imprevisíveis. Portanto, tanto podemos ter muito menos pessoas, porque temos restrições, ou até não podemos deixar entrar tantas pessoas, como podemos ter o contrário, que é toda a gente quer viajar, já não há tantas restrições”, disse Duarte Ricciardi, secretário-executivo do Comité Organizador Local (COL) da JMJ Lisboa2023, em entrevista à Lusa​. José Sá Fernandes, coordenador do Governo na comissão do evento, apontou para um "número nunca não inferior a um milhão de pessoas"​. Só voluntários de curta duração, são esperados entre 10 e 15 mil.

Foi o Papa João Paulo II que lançou o mote, em 1985, para aquilo que viriam a ser as jornadas mundiais da juventude. O nome original, em italiano, é Giornata Mondiale della Gioventù. A primeira edição foi celebrada em 1986 em Roma, Itália, sob o mote: "Confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça" (1Pe 3, 15). “Em Jesus Cristo, Deus entrou definitivamente na história do homem. Vós, jovens, deveis encontrá-lo primeiro. Deveis encontrá-lo constantemente. A Jornada Mundial da Juventude significa precisamente isto: sair ao encontro de Deus, que entrou na história do Homem através do Mistério Pascal de Jesus Cristo”, disse João Paulo II no Domingo de Ramos de 1986.

A jornada é aberta a todos, entre os 14 e os 30 anos, católicos ou não. É comum virem jovens de todos os cantos do mundo e uma das tradições do evento é a troca de bandeiras, t-shirts ou artigos religiosos, para simbolizar a troca de experiências e as novas amizades. Antes da jornada, os jovens estrangeiros são acolhidos nas dioceses do país, de onde podem vir em peregrinação até Lisboa. As inscrições, em grupo ou não, podem ser feitas aqui.

De acordo com uma nota da Província Portuguesa da Companhia de Jesus a chegada do Papa a Lisboa está apontada para o dia 3 de Agosto, quinta-feira, e o regresso ao Vaticano realiza-se no domingo, dia 6, após a chamada “missa do envio”.

O acesso ao recinto da JMJ e a eventos como eventos como a missa de abertura, o acolhimento, a via sacra, a vigília e a missa de envio é gratuito. "No entanto", lê-se no site da jornada,"por razões logísticas e de segurança, e também para ajudar a cobrir os custos organizativos, todos os interessados são convidados a inscreverem-se na JMJ e a pagar a contribuição de participação". Há três pacotes de inscrição para peregrinos com serviços que podem incluir alojamento, transportes, alimentação ou seguros: a modalidade A (uma semana), que custa entre 95 e 255 euros; a modalidade B (fim-de-semana), entre os 100 e os 125 euros; e a modalidade C (vigília e missa de envio), entre os 50 e os 60 euros.

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Os peregrinos que comprarem uma das modalidades referidas anteriormente com alojamento incluído vão pernoitar em casas de família, pavilhões, escolas ou ginásios. Os participantes que optarem por um pacote sem alojamento incluído terão de organizar a sua própria dormida. No caso da alimentação, funcionará um sistema misto, podendo recorrer a áreas da Jornada Mundial da Juventude e restaurantes ou outros pontos de alimentação de parceiros externos.

O Governo estima gastar 36,5 milhões de euros na organização da JMJ. Essa verba foi revelada após o Conselho Ministros do dia 13 de Outubro último, dia em que o total foi reforçado com mais 20 milhões de euros, mais IVA, e foi confirmada ao PÚBLICO esta semana. Segundo o orçamento da Câmara de Lisboa para 2023, a autarquia tem também previstos gastos de cerca de 35 milhões de euros: 21,5 milhões para a área do parque urbano do Tejo-Trancão, mais 13,5 milhões noutras zonas da cidade, como o Parque Eduardo VII e o Terreiro do Paço. No caso de Loures, o município aprovou a 9 de Novembro um memorando de entendimento em que prevê gastar cerca de 9 milhões de euros com a JMJ, recorrendo a um empréstimo bancário. Quem nunca chegou a revelar quanto vai gastar foi a Igreja Católica.

Numa audição parlamentar a pedido do PSD, em Novembro, o coordenador do evento, José Sá Fernandes, assumiu que o retorno de um evento como a JMJ rondará os 350 milhões de euros. “O retorno dos estudos económicos feitos em relação a Madrid representa um benefício económico de cerca de 350 milhões de euros. Eu presumo que Portugal vai ter um retorno económico desta grandeza", disse o ex-vereador da Câmara de Lisboa. Sá Fernandes referiu-se à jornada como o “maior evento que aconteceu alguma vez em Portugal, porque foi sempre o maior evento nos países onde se realizou”.

O altar-palco, obra polémica pelo valor elevado da construção (4,240 milhões de euros fora fundações) e pelo facto de ter sido adjudicada por ajuste directo à construtora Mota-Engil, tem de ter capacidade para 2000 pessoas, das quais: 1000 bispos, 300 concelebrantes, 200 elementos do coro, 30 intérpretes de linguagem gestual, 90 membros da orquestra, convidados, staff e equipa técnica. É uma estrutura elevada em três plataformas, com altura de 9 metros, para poder ser visto pela maioria dos peregrinos. Tem escadaria central para acesso dos jovens ao palco e dois elevadores para pessoas com mobilidade reduzida. Ao todo, a área de implantação é de 5000 m2.

Todas as jornadas têm um tema. No caso português, a citação bíblica escolhida pelo Papa Francisco como lema da Jornada Mundial da Juventude faz parte do Evangelho de São Lucas:​ "Maria levantou-se e partiu apressadamente" (Lc 1, 39). De acordo com a página oficial da jornada, é a frase que se segue à Anunciação e que "dá início ao relato da Visitação (a visita de Maria a sua prima Isabel), um episódio bíblico que se segue à Anunciação (o anúncio do anjo a Maria de que iria ser a mãe do Filho de Deus e que foi o tema da última JMJ, na cidade do Panamá)".

Além do lema, a JMJ tem um logo que é uma cruz verde, vermelha e amarela (cores da bandeira portuguesa) atravessada por um caminho onde surge o perfil de Maria e um terço. "Trata-se de um convite aos jovens para que não se acomodem e sejam protagonistas da construção de um mundo mais justo e fraterno", explicou a autora, Beatriz Roque Antunes, uma jovem designer portuguesa. Há também um hino, a música “Há Pressa no Ar”, com letra de João Paulo Vaz, sacerdote, e música de Pedro Ferreira, professor e músico, ambos da diocese de Coimbra.