Alemanha autoriza envio dos Leopard 2 para a Ucrânia, EUA também vão enviar os Abrams

Por pressão dos aliados ou porque Washington aceitou enviar os seus M1 Abrams, Berlim decidiu-se a ajudar os ucranianos com os Leopard 2, avança a Der Spiegel.

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Chanceler alemão, Olaf Scholz, autorizou o envio dos Leopard 2 para a Ucrânia Reuters/FABIAN BIMMER

O chanceler alemão, Olaf Scholz, deu luz verde ao envio dos carros de combate Leopard 2 para a Ucrânia e autorizou outros países, como a Polónia, a fazê-lo. E a decisão alemão não é a única boa notícia para Kiev: os Estados Unidos também estarão preparados para subir a parada no apoio militar e enviar tanques M1 Abrams.

A tomada de decisão alemã foi avançada esta terça-feira pela revista Der Spiegel, afirmando que diz respeito a pelo menos uma das empresas que fabrica os Leopard 2A6.

O passo em frente assumido pelo líder do Governo alemão, depois de semanas de negociações, desbloqueia também o envio de tanques Leopard 2 por parte de outros aliados. Países escandinavos, por exemplo, pretendem alinhar com a Alemanha no fornecimento dos seus carros de combate a Kiev, noticiou a revista.

Este envio por parte de outras nações estava dependente da autorização alemã, visto ser formalmente necessário o aval do país fabricante para a reexportação dos carros de combate.

Berlim estava a ser fortemente pressionado pelos Estados Unidos e pelos aliados europeus, que exasperavam com a indecisão do executivo de Scholz – ao ponto de o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, ter reiterado esta semana que estava disposto a criar uma coligação de países e avançar com o envio dos Leopard 2, com ou sem o aval de Berlim.

Reexportar os carros de combate sem a confirmação alemã seria ilegal, mas o Governo alemão prometia esta terça-feira analisar o pedido polaco para o autorizar com a rapidez necessária. Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa Alemão, Boris Pistorius, encorajou os países com intenções de enviar os Leopard a iniciar o treino dos militares ucranianos que os vão operar.

Ao que tudo indica, no entanto, não terá sido a influência das outras nações europeias a motivar a decisão.

Antes da reunião de aliados da Ucrânia que decorreu, sexta-feira, na base americana de Ramstein, na Alemanha, a imprensa falava que Berlim tinha condicionado o envio dos seus carros de combate a que Washington fizesse o mesmo em relação aos M1 Abrams.

O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, chegou mesmo a comentar publicamente que não havia qualquer exigência do género. E a Administração Biden não parecia interessada em enviar os seus carros de combate, justificando-se com o excesso de consumo de combustível, a necessidade de formação prolongada e a uma “logística e uma manutenção muito complexas”.

Até esta terça-feira. Segundo o Wall Street Journal, o Governo norte-americano “está inclinado a enviar um número significativo de tanques M1 Abrams”.

Até ao momento, nenhum dos governos comentou as notícias avançadas, mas o passo em frente dado pelos dois aliados é visto como demonstração de unidade e força numa altura crítica da guerra na Ucrânia.

As linhas da frente não têm sofrido grandes alterações nos últimos dois meses, mas Kiev estará a preparar uma contra-ofensiva para recuperar território ocupado pelos russos. Volodymyr Zelensky tem repetido os apelos a um maior apoio militar dos países ocidentais, incluindo carros de combate, para garantir o sucesso destas operações e a protecção das regiões controladas pelas forças ucranianas. Os aliados têm correspondido aos pedidos, ao longo dos meses, mas o receio de provocar o Kremlin – que já fala numa “guerra quase real” entre a Rússia e o Ocidente – tinha até agora adiado a decisão de subir mais um degrau na ajuda militar.

Isto acontece ao mesmo tempo que os serviços de informação aliados têm alertado para o facto de Moscovo estar a reagrupar as suas forças e a considerar um novo plano de acção, preparando uma ofensiva em larga escala para a Primavera.

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