PSD: comunicado de Pedro Nuno mostra “incapacidade crónica” de o Governo “lidar bem com a verdade”

O ex-ministro das Infra-estruturas e Habitação revelou que deu “anuência política” para saída da TAP de Alexandra Reis, acrescentando que foi informado “do valor final do acordo” entre as partes.

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Pedro Nuno Santos com António Costa Nuno Ferreira Santos

O vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz diz que as declarações do ex-ministro Pedro Nuno Santos sobre a TAP mostram que o governo tem problemas de comunicação internos e uma “incapacidade crónica de lidar bem com a verdade”.

“Urge-se clarificar toda esta situação da TAP. Mas mais importante do que resolver o problema da TAP é resolver uma questão interna dentro deste governo, que é a incapacidade crónica de lidar bem com a verdade e incapacidade crónica de conviver com o escrutínio saudável em democracia”, referiu Miguel Pinto Luz em declarações à agência Lusa.

O ex-ministro das Infra-estruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, confirmou esta sexta-feira que deu “anuência política” para saída da TAP de Alexandra Reis, acrescentando que foi informado “do valor final do acordo” entre as partes.

Para o dirigente do PSD, estes novos dados “são graves”, lembrando que quando o ministro Pedro Nuno Santos nomeou Alexandra Reis para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV) “sabia da indemnização” de 500.000 euros.

“Portanto, sabendo da indemnização, nomeando para a NAV informou ou não as Finanças nessa altura da indemnização? É mais um dado relevantíssimo para toda a análise neste processo”, vincou Miguel Pinto Luz.

Para o vice-presidente dos sociais-democratas, os esclarecimentos prestados esta sexta-feira por Pedro Nuno Santos são “uma confirmação de que não há comunicação dentro do governo”.

“O Governo vive bem com a verdade que é às fatias, aos bochechos, a pouco e pouco, que vai encontrando verdades dentro das inverdades e encontra mais inverdades. É uma postura recorrente do Governo”, sublinhou ainda.

Questionado sobre o impacto que as recentes informações podem ter na comissão de inquérito à gestão da TAP, Miguel Pinto Luz salientou que o PSD “não anseia” os problemas da companhia área portuguesa.

“Agora, tendo já este histórico da verdade vir por camadas, esperamos que nesta comissão de inquérito se possa de uma vez por todas colocar a nu toda a verdade”, acrescentou.

Num esclarecimento público divulgado esta sexta-feira, Pedro Nuno Santos contou que foi informado do valor da indemnização de 500 mil euros: “(…) Foi encontrada ontem [19 de Janeiro de 2023], por mim, uma comunicação anterior da minha então chefe do gabinete e do secretário de Estado [das Infra-estruturas Hugo Mendes], de que nenhum dos três tinha memória, a informarem-me do valor final do acordo a que as partes tinham chegado”.

Segundo o ex-responsável pela pasta das Infra-estruturas, a chefe de gabinete e o secretário de Estado mostram-se convictos de que por "recomendação da CEO da TAP e da sua equipa de advogados e das informações que receberam dos mesmos, que não era possível reduzir mais o valor da compensação”.

Ainda sobre a referida comunicação, Pedro Nuno Santos revelou que lhe foi pedida “anuência política para fechar o processo” e que a deu.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, foi ouvida no parlamento na quarta-feira, para dar explicações sobre a indemnização paga à antiga administradora Alexandra Reis, que foi posteriormente presidente da NAV e secretária de Estado.

Na audição, a responsável da TAP disse que esteve em contacto, “desde o início”, com o então secretário de Estado das Infra-estruturas, Hugo Mendes.