Portugal não se compromete com o envio de tanques Leopard 2 para Kiev
Numa reunião à margem de Ramstein, a ministra da Defesa garantiu, todavia, oferecer “treino” para o manuseamento destes carro de combate.
O Ministério da Defesa Nacional (MDN) informou que Portugal está disponível para apoiar a Ucrânia com capacidade militar em torno dos tanques Leopard 2 — como oferta de treino para este — mas não se compromete a enviar os carros de combate em si.
Um comunicado enviado pelo MDN às redacções informa que Portugal participou numa reunião convocada pela Ucrânia e pela Polónia onde estiveram presentes os Estados possuidores de carros de combate Leopard 2.
Nessa reunião, Portugal “reiterou” a sua disponibilidade para a “oferta de treino” em Leopard 2 e “manifestou disponibilidade” para “identificar, de forma coordenada com os seus parceiros, formas de apoiar a Ucrânia com esta capacidade”.
À Lusa, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), almirante Silva Ribeiro, revelou que Portugal tem 37 tanques Leopard. "Sobre os Leopard, temos 37", disse Silva Ribeiro numa conferência de imprensa conjunta no âmbito da visita a Portugal do presidente do Comité Militar da NATO, almirante Rob Bauer. No entanto, o CEMGFA recusou comentar quantos poderão ser enviados para a Ucrânia.
Apoiar “com esta capacidade” não significa necessariamente enviar os Leopard 2, uma vez que uma capacidade militar é edificada através de outros vectores, como treino, material ou conhecimento humano para a manutenção e operação dos tanques, apurou o PÚBLICO. É nesse sentido, mais amplo, de forma “coordenada” com outros Estados, e sem compromisso sobre os Leopard 2 em si, que Portugal se manifesta disponível para apoiar Kiev com estes carros de combates.
Na quinta-feira, Volodymyr Zelensky, Presidente ucraniano, afirmou que Portugal e outros países estavam disponíveis para enviar tanques à Ucrânia. Zelensky falava numa conferência de imprensa onde também estava Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.
“Quanto aos tanques, vários países têm vontade de nos enviar”, afirmou. “Finlândia, Portugal, Espanha e muitos outros países estão prontos para fornecer uma pequena quantidade de tanques e o número de tanques que têm”, acrescentou, notando depois apenas faltar luz verde do “país que tem a respectiva licença”.
Zelensky referia-se à Alemanha, o país fabricante dos tanques e consequentemente responsável por viabilizar a sua transferência para a Ucrânia (algo que ainda não fez, para transtorno de parte da comunidade internacional).
Formadores portugueses na Alemanha
Ainda no comunicado, o MDN informa que Portugal irá enviar um novo pacote de ajuda militar para Kiev. Neste, constarão 14 viaturas blindadas de transporte de pessoal M113, oito geradores de grande capacidade para produção de energia eléctrica, munições de 120 mm e duas toneladas de equipamento médico e sanitário. Além deste apoio, o Hospital das Forças Armadas continua disponível para receber 40 militares ucranianos feridos em combate.
Contando já com este material — “que se encontra em preparação para envio” — “eleva-se para 532 toneladas o total de equipamento militar, letal e não letal” fornecido por Portugal à Ucrânia desde que esta foi invadida pela Rússia, acrescenta o MDN.
Helena Carreiras, ministra da Defesa Nacional, anunciou este novo apoio durante a reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, que juntou cerca de 50 países em Ramstein, na Alemanha, esta sexta-feira.
Em Ramstein, perante os parceiros e aliados, “Helena Carreiras reafirmou o compromisso de Portugal com a defesa da soberania e integridade da Ucrânia”, afirmando estar — juntamente com o Estado-Maior-General das Forças Armadas — “em constante contacto com as autoridades ucranianas e analisando as solicitações de Kiev”, às quais o país “corresponderá na medida das suas capacidades e disponibilidades”.
Segundo o comunicado da Defesa, a nova missão da União Europeia de assistência militar à Ucrânia, que Portugal integra, irá “proporcionar treino em áreas como a inactivação de engenhos explosivos, assistência médica em combate, defesa nuclear, biológica, química e radiológica, e instrução militar”, chegando os formadores portugueses à Alemanha em Fevereiro.