Bruno Bravo ilumina a guerra mental de Macbeth
Dezasseis anos depois, o encenador regressa ao primeiro texto de Shakespeare que dirigiu. No CAL, Lisboa, até 28 de Janeiro, A Tragédia de Macbeth é um quase-monólogo
Shakespeare sinaliza logo no título que a história de Macbeth, rei da Escócia, é uma tragédia. Não se espere, portanto, ligeireza, espírito folgazão e uma festança desbragada. Mas esta Tragédia de Macbeth, que Bruno Bravo agora revisita com os seus Primeiros Sintomas, carrega na escuridão, num tom lúgubre, sombrio, recôndito, puxando-nos para as catacumbas do espaço mental deste Macbeth protagonista, a sós com as suas acções e as consequências éticas e morais com que a sua consciência terá de se bater depois de lavar o sangue das mãos. É um Macbeth (interpretado por António Mortágua) entregue a uma batalha física que, apesar das possíveis dificuldades, se esgota nos gestos que deixam um rasto de sangue na sua ascensão e manutenção no trono, sucedida por uma inesgotável batalha psicológica — a água chega para eliminar o sangue das mãos, mas de pouco vale ao sangue que Macbeth e a sua Lady Macbeth (Mónica Garnel) continuam a ver jorrar diante de si quando os olhos se fecham.
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