Davos 2023: alterações climáticas estão a gerar mais casos de malária e tuberculose

As inundações no Paquistão, em Setembro, e os ciclones de 2021 em Moçambique foram exemplos de eventos causadores de surtos infecciosos.

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As águas estagnadas deixadas por chuvas e inundações durante a época das monções de Setembro no Paquistão criaram surtos de doenças Reuters/FAYAZ AZIZ

As alterações climáticas estão a aumentar as infecções por malária, afirmou na segunda-feira em Davos o director executivo do maior fundo mundial de saúde.

Peter Sands, o director executivo do Fundo Global de luta contra a sida, tuberculose e malária, adiantou que múltiplos surtos de infecções de malária seguiram-se às recentes inundações no Paquistão e ciclones em Moçambique em 2021, disse

"Sempre que se temos um evento climático extremo é bastante comum ter um surto de malária", sublinhou na reunião anual do Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em Davos. O aumento dos eventos climáticos extremos e as grandes piscinas de água parada resultantes que atraem mosquitos estão a deixar as populações mais pobres vulneráveis.

Peter Sands disse ainda que as alterações climáticas estavam também a mudar a geografia dos mosquitos. Nas terras altas de África, no Quénia e na Etiópia, as populações estão agora a sucumbir à malária devido a uma mudança nas baixas temperaturas que antes tornavam a área insustentável para os mosquitos.

Sands gere o maior fundo global do mundo, que investe na luta contra a tuberculose, malária e VIH/sida em algumas das nações mais pobres do mundo. O fundo, que estabeleceu o objectivo de angariar 18 mil milhões de dólares (quase 17 mil milhões de euros), mas só angariou até agora 15,7 mil milhões de dólares (cerca de 14,5 mil milhões de euros), ainda assim trata-se da maior quantia alguma vez angariada na saúde global. Parte do défice, disse ele, foi de mil milhões de dólares atingidos pelas flutuações cambiais que afectaram as doações.

Olhando para o futuro, as alterações climáticas são apenas um dos factores que podem dificultar os esforços para erradicar as doenças, constatou Sands.

A guerra na Ucrânia também levou a um agravamento dos casos de sida e tuberculose. Em países de rendimento médio como a Índia, Paquistão e Indonésia, os casos de tuberculose entre as populações mais pobres estão igualmente a aumentar. Com receios de uma recessão global, Sands alertou que esses países ficariam sob maior pressão.

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