Professores esgotados, um povo esgotado

Temos uma sociedade organizada entre nobreza e povo. E, se ao povo pede-se tudo, à nobreza tolera-se evidentemente tudo e um par de botas.

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As imagens da manifestação deste sábado dos professores lembram perigosamente – para o Governo e para a sociedade em geral – as imagens da manifestação de 2008, quando era ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues. A disparidade dos números avançados pela polícia e pelo sindicato é enorme. Mas, simbolicamente, esta manifestação, com muito menor enquadramento sindical do que a anterior, simboliza o esgotamento de uma classe inteirinha que Maria de Lurdes Rodrigues se esforçou por destruir, afogando-a em burocracias, e os governos seguintes nunca encontraram qualquer solução de fundo. Ouvir António Costa, primeiro-ministro há sete anos, vir dizer que a precariedade entre a classe docente é “inaceitável” rasa o absurdo. Se é “inaceitável”, o que é que o seu Governo fez para mudar o estado das coisas? Assim, de repente, não se está a ver nada de estrutural – e esta seria uma boa “reforma estrutural”, essas duas palavrinhas mágicas para um grande número de pessoas.

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