Oposição arrasa questionário de verificação: “A montanha pariu um rato”

IL, BE, PCP e PAN salientaram a inutilidade da medida como resposta às recentes polémicas em torno de membros do Governo.

Foto
Partidos da oposição desvalorizaram questionário de verificação prévia a membros do Governo Nuno Ferreira Santos

A Iniciativa Liberal (IL), o BE, o PCP e o PAN teceram duras críticas à solução do questionário anunciado pelo Governo, na tarde desta quinta-feira, como forma de verificar impedimentos e incompatibilidades de futuros governantes. A medida é aplicada na fase prévia à proposta do nome por parte do primeiro-ministro ao Presidente da República, mas não deixou Marcelo Rebelo de Sousa imune às críticas.

Os representantes dos partidos da oposição reagiram, no Parlamento, ao anúncio do Governo à excepção do PSD, que remeteu para a entrevista de Luís Montenegro esta noite na SIC.

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, considerou “ridícula toda a encenação do Governo” para responder às polémicas com membros do Governo nos últimos meses.

“Tanta coisa para demonstrar o óbvio: a responsabilidade é do primeiro-ministro e qualquer consequência de uma nomeação errada é do primeiro-ministro”, afirmou, empregando uma expressão popular para definir o modelo escolhido. “É como o ‘melhoral’: não faz bem nem faz mal.”

Para André Ventura, a medida é “uma absoluta cortina de fumo”. O líder do Chega considerou que, “na prática, o Governo vai fazer o escrutínio que fez até agora” além de que “não se define as sanções a quem for apanhado numa mentira”. Como alternativa ao questionário, que considerou ser uma "inutilidade", Ventura reiterou a necessidade de realização de audições parlamentares prévias às pessoas escolhidas como acontece com os juízes do Tribunal Constitucional, o que implica um “ajuste constitucional”.

Pela IL, João Cotrim Figueiredo desvalorizou a solução do questionário. “A montanha pariu um rato. Parece que o primeiro-ministro inventou a ideia a meio do debate [da moção de censura há uma semana]. Mas as perguntas não eram feitas? Não podem ser feitas de viva voz?”, questionou, acusando António Costa de querer “co-responsabilizar o Presidente da República” no processo de nomeação dos membros do Governo. Marcelo Rebelo de Sousa “faz um triste papel, diga-se de passagem”, apontou o líder da IL, considerando que o chefe de Estado e o primeiro-ministro estão a “salvar-se mutuamente” neste processo.

A deputada do PAN, Inês Sousa Real, já tinha usado a mesma expressão de Cotrim Figueiredo – “a montanha pariu um rato” – para criticar o questionário. “Desconhecemos quais as consequências se houver uma desconformidade [nas respostas do questionário]”, afirmou a deputada, sustentando que a solução não contribui para “estabelecer confiança entre os cidadãos e o sistema político”.

Mais suave no tom mas igualmente crítica foi a líder parlamentar do PCP. “O questionário não dispensa uma avaliação por parte do primeiro-ministro”, defendeu Paula Santos, sublinhando que “a indigitação é da responsabilidade” de António Costa e que “deve ser exercida com rigor”.

A deputada reforçou ainda outro aspecto no processo de escolha de futuros governantes: a necessidade de garantir a defesa do interesse público “independentemente das perguntas” que venham a ser colocadas.

Sugerir correcção
Comentar