Alenquer quer candidatar tradição de Pintar e Cantar dos Reis a Património Mundial

Autarquia de Alenquer “oficializou a intenção de candidatar a tradição do Pintar e Cantar dos Reis a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO”.

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A tradição de Pintar e Cantar os Reis regressou este ano a Alenquer CM Alenquer
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A tradição de Pintar e Cantar os Reis regressou este ano a Alenquer CM Alenquer

Enquanto uns vão pintando corações, flores e estrelas pelas ruas, os outros vão seguindo o percurso colorido para cantar os reis de porta em porta. A tradição de Pintar e Cantar os Reis mantém-se “bem viva” em algumas localidades de Alenquer e a autarquia decidiu agora “oficializar a intenção” de candidatá-la a Património Cultural Imaterial da UNESCO.

Para o vice-presidente da autarquia, Rui Costa, “trata-se de um passo muito importante e de grande responsabilidade, para o município e para os 'reseiros'”. “Vamos juntar toda a informação acerca daquilo que fazem, até porque são os actores principais desta tradição, que representa todo um concelho, enquanto comunidade bem viva a nível cultural”, acrescenta em nota de imprensa.

Para tal, conta-se com o apoio de “todos” neste processo que se quer “colaborativo”. A candidatura deverá ser formalizada até ao final do ano junto da comissão nacional da UNESCO, ainda que a autarquia tenha até Março de 2024 para o fazer.

"Se não almejarmos ir mais além, perdemos a energia de querer sair na noite de reis”, defende o vereador com o pelouro da Cultura. O objectivo da candidatura é precisamente esse: “Manter viva a tradição e transmiti-la de geração em geração”.

Em Julho de 2021, as tradições do Pintar e Cantar dos Reis passaram a integrar o inventário nacional do património cultural imaterial, segundo o anúncio publicado em Diário da República pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), depois de aprovada a candidatura apresentada pela autarquia de Alenquer em 2016.

Para a DGPC, a inscrição "reflecte os critérios relativos à importância da manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade em que esta tradição se originou e se pratica, traduzida em práticas transmitidas intergeracionalmente, com recurso privilegiado à oralidade e à observação e participação directa".

Alenquer é o concelho do país onde essas tradições têm maior expressão e ainda subsistem. No entanto, correm o risco de desaparecer, uma vez que existe cada vez menor adesão por parte dos habitantes.

Na noite de 5 para 6 de Janeiro, os 'reiseiros', nome pelo qual são apelidados todos aqueles que fazem cumprir o ritual, dividem-se em dois grupos. O primeiro segue munido de lanternas, pincéis e tintas para marcar o trajecto com pinturas nas paredes das casas, a vermelho e azul, de corações e vasos floridos, estrelas, símbolos de profissões - como a balança ou o martelo - ou a sigla B.R., que quer dizer "Bons Reis". Já o segundo grupo, após o apontador cantar a solo, entoa melodias e deixa votos de felicidades para o Ano Novo.

De acordo com o município, a tradição mantém-se viva em zonas como Catém, Casal Monteiro, Ota, Abrigada, Olhalvo, Pocariça, Mata e Penafirme, Cabanas de Torres e Paúla, cobrindo cerca de um terço da área do concelho. Há ainda memória da tradição em localidades como Meca, Espiçandeira, Canados, Bogarréus, Fiandal, Bairro, Estribeiro, Valverde, Calçada, Pereiro, Aldeia Gavinha e Penedos.

As tradições remontam às celebrações da Epifania do Oriente, que chegaram à Europa no século IV e que foram sofrendo modificações, dando origem a outro tipo de manifestações. Na Península Ibérica, o Dia de Reis começa a ser celebrado devido à chegada dos frades franciscanos e dominicanos ao território, sendo primeiro acolhidas no século XIII em Alenquer, no distrito de Lisboa.