O hospital do Oeste poderá dar uma nova vida à Linha do Oeste
Estão em curso obras de electrificação e melhorias do troço, o que permitirá reduzir tempos de viagem. A CP lançou um concurso para compra de material circulante com altos padrões de qualidade.
Sendo amplamente conhecida a necessidade de construção de um Centro Hospitalar do Oeste (CHO), não vivendo na região e não tendo qualquer tipo de preferência sobre nenhuns dos concelhos que poderão acolher o novo equipamento, aproveitarei neste artigo para expor o meu ponto de vista de modo imparcial e numa óptica de quem conhece o que de melhor se faz em planeamento ferroviário e dos ganhos efectivos para os utentes que o hospital e a Linha do Oeste terão em escolher uma localização que tenha em conta a fácil acessibilidade ao modo ferroviário.
Existe necessidade de construção de uma nova infra-estrutura hospitalar no Oeste para mitigar os desafios conhecidos na zona, uma vez que a prestação de assistência hospitalar é efectuada por três instituições hospitalares (Torres Vedras, Peniche e Caldas da Rainha) com distâncias geográficas consideráveis e, logo, com baixa capacidade de atractividade na gestão de recursos humanos.
Espera-se do futuro Hospital do Oeste uma infra-estrutura com valências capazes de acompanhar as melhores práticas dos cuidados de saúde e gestão de recursos, com resposta harmonizada das diferentes especialidades e capacidades, arrogando a responsabilidade de melhoria dos cuidados de saúde prestados pelo Serviço Nacional de Saúde desta região.
O CHO tem como área de influência os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e Mafra (com excepção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estevão das Galés e Venda do Pinheiro), num total de cerca de 300 mil habitantes.
Sendo consabido que o hospital é um agregador e grande gerador de tráfego, considerando os trabalhadores, os utentes, as visitas, os acompanhantes dos utentes às consultas, os voluntários e os diferentes fornecedores de produtos e serviços, então é factor crítico de sucesso, no momento da programação da localização, a questão das acessibilidades.
Acessibilidades que terão um custo social elevado se não forem devidamente tomadas em conta.
Quero com isto dizer que a localização do CHO junto à Linha de Oeste permitirá ao Estado reduzir custos, poupando nos valores relativos às acessibilidades.
As preocupações ambientais, as metas da neutralidade carbónica, a necessidade do uso do transporte colectivo devem ser condições determinantes e decisivas na escolha da localização do novo Hospital. Por outro lado, a existência de uma infra-estrutura deste tipo servida pelo comboio pode ser determinante para o futuro da Linha do Oeste.
E sublinho a palavra futuro porque devemos pensar na Linha do Oeste após a modernização em curso, que a dotará de comboios eléctricos, mais rápidos, mais modernos e com maior frequência.
Apesar de a sua taxa de utilização actual estar longe do que permite ser uma operação equilibrada, são conhecidos os motivos que o justificam: tempos de viagem pouco competitivos com o autocarro, nível de conforto do material circulante longe dos padrões europeus, degradação do serviço (pouca frequência e falta de informação). Não admira que muitos dos passageiros tenham abandonado este meio de transporte.
Contudo, existem boas expectativas claras para melhorias substanciais no serviço oferecido na linha do Oeste. Estão em curso obras de electrificação e melhorias do troço, o que permitirá reduzir tempos e afectação de material circulante eléctrico ao serviço. A CP lançou um concurso para compra de material circulante moderno, com padrões de qualidade do que melhor se faz no mundo. Acresce que o Plano Ferroviário Nacional prevê uma nova variante em Loures para ligação da linha do Oeste à Linha de Cintura que, a acontecer, permitirá diminuir substancialmente os tempos de viagem colocando o Comboio como transporte colectivo mais rápido do Oeste para Lisboa.
Sabemos que a eventual localização do CHO junto à linha criará soluções de mobilidade e movimentos pendulares entre o hospital e todos os concelhos e dará uma nova vida à linha do Oeste, pelo que se questiona o que falta fazer para se decidir colocar este futuro equipamento de saúde junto à via férrea.
Termino fazendo um apelo aos autarcas da região, aos responsáveis da Oeste/CIM e aos elementos do Grupo de Trabalho para a decisão de localização do futuro Hospital do Oeste: que este deve obrigatoriamente ficar junto à linha de comboio, sendo a única forma de ser dada sustentabilidade e nova vida à região e à linha. O hospital será bom para a Linha do Oeste e a Linha do Oeste será boa para o hospital.
Periodicamente os autarcas do Oeste protestam e reivindicam uma Linha do Oeste moderna e que sirva as suas populações. Esta é a oportunidade: juntar a modernização da linha com o novo hospital. Esperemos que, se se perder esta oportunidade, os políticos e os autarcas não tenham que voltar a lutar no futuro para salvar a Linha do Oeste, correndo depois atrás do prejuízo.