João Rodrigues estreia em Boticas “o primeiro restaurante itinerante” pelo país

Tabernas, casas, fortes, faróis, castelos. Ao longo do ano, o chef João Rodrigues andará em Residência pelo país, com um restaurante itinerante em “locais sui generis” e menus focados em cada região.

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João Rodrigues estreia em Trás-os-Montes o projecto Residência, "o primeiro restaurante itinerante do país" TIAGO MIRANDA

Depois de 13 anos a liderar o Feitoria, restaurante com uma estrela Michelin no Altis Belém, em Lisboa, João Rodrigues anunciou a saída em Abril do ano passado e, desde então, não tem parado. Enquanto não abre os dois novos restaurantes, em Lisboa e na região do Oeste, o chef português andará de Norte a Sul com “o primeiro restaurante itinerante do país”.

O projecto não é novidade, mas sabem-se agora mais detalhes e as primeiras datas: o Residência estreia-se em Boticas, Trás-os-Montes, onde ficará nos dias 20, 21 e 22 de Janeiro. O primeiro espaço a ser ocupado é o restaurante Casa do Pedro, “uma casa familiar” com “mais de 300 anos”, localizada em Vilarinho Seco.

Pedro e Ana, “agricultores e produtores de hortaliças, porco bísaro e carne Barrosã”, ergueram o espaço na década de 1990 e “nunca esconderam o enorme orgulho nos seus produtos, em especial nos presuntos curados e nas alheiras ali produzidas”, conta-se em comunicado de imprensa. Actualmente, são os filhos Alda e Pedro que continuam o legado familiar, com pratos baseados “na confecção artesanal e na utilização de produtos locais de grande qualidade”.

Nos dias 20 e 21 de Janeiro, é João Rodrigues quem assume as rédeas do restaurante, com um menu de degustação ao jantar composto por sete pratos. Como se pretende que tudo seja confeccionado com produtos locais e da época, a carta só será revelada mais perto da data, mas é provável que brilhem ingredientes como “trutas, porco bísaro, carne barrosã, batata, couves, fumeiro e mel”.

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Depois de deixar o Feitoria, Rodrigues parte em viagem por Portugal

No domingo, é servido o “famoso cozido barrosão, um dos cartões-de-visita desta jóia do Alto Tâmega”, num almoço que terá Vítor Adão como chef convidado. Os jantares custam 80€ e o almoço 45€ por pessoa, sempre com harmonização de vinhos incluída.

Esta é a primeira Residência de um projecto que ocupará locais sui generis em 12 regiões do país ao longo dos próximos 12 meses, que tanto poderão ser restaurantes como a Casa do Pedro, como “tabernas, casas, fornos comunitários, fortes, faróis ou castelos”, adianta a nota de imprensa, sem revelar mais pormenores sobre as próximas edições.

O projecto pretende ser “uma experiência itinerante”, uma “verdadeira tour” do chef que já tinha fundado o Projecto Matéria, uma plataforma onde se divulga o trabalho de pequenos produtores nacionais. O objectivo do Residência é “dar a conhecer a diversidade natural e cultural” do país, “valorizando o património”, “recorrendo a práticas e tradições por vezes esquecidas” e envolvendo, em cada paragem, os municípios e freguesias, as suas festas e rituais, os produtores locais, as receitas tradicionais, as unidades de alojamento, os miradouros e parques naturais.

A raça Barrosã dr
A truta também vai à mesa dr
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A raça Barrosã dr

Para quem viajar até Boticas logo no dia 20, por exemplo, sugere-se a visita às Mesinhas de São Sebastião. “Todos os dias 20 de Janeiro, não se sabe ao certo desde quando mas seguramente há mais de três séculos, a população de Couto Dornelas prepara e monta, nas suas três aldeias, durante uma semana, estas festas populares”, descreve-se. Ao longo do fim-de-semana, aconselha-se ainda a visitar o Boticas Parque, onde as trutas são pescadas, ou o Corno das Alturas, “um miradouro a 1200 metros de altitude”.

Região caracterizada por “altas montanhas e vastos planaltos”, o território do Barroso, ao qual pertence o concelho de Boticas, foi recentemente distinguido como Património Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), tendo sido a primeira no país e uma das primeiras a nível europeu.

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