Treetop Walk Saarschleife: caminhar entre árvores para contemplar o mais belo meandro do Sarre
No Treetop Walk Saarschleife caminha-se junto à copa das árvores para depois subir pela icónica torre rumo ao mais belo miradouro sobre a principal atracção turística da região alemã de Saarland.
O chilrear das aves é como um sonoro cartão de boas-vindas e é nas asas irrequietas que vamos pousando os primeiros olhares, enquanto caminhamos junto às copas das árvores do Treetop Walk Saarschleife.
Aqui e ali, entre troncos e ramos frondosos de centenas de faias, carvalhos e abetos-de-douglas, vamos vislumbrando pontos de alimentação, casinhas de madeira e minúsculas pontes suspensas feitas para os animais, que nos aproximam da fauna por aqui abundante, sobretudo chapins de vários tons, esquilos e, bem lá no alto, uma rapina que não conseguimos identificar.
Inaugurado em 2016, o Treetop Walk Saarschleife é uma das doze estruturas do género construídas pela Erlebnis Akademie na Europa, cinco delas na Alemanha, que têm ganho fama turística e atenção mediática devido às torres extravagantes que sobem acima das árvores para transbordar em panorâmicas desafogadas sobre a natureza envolvente. No próximo ano, deverá ser inaugurada a primeira fora do velho continente, em Laurentides, Canadá.
Mas, para já, da torre nem um vislumbre. Os primeiros 800 metros são de passadiço em ziguezague junto às copas das árvores. Tiram em vista o que devolvem em proximidade com a natureza. Pelo caminho, existem painéis informativos que, de forma lúdica, vão dando mais detalhes sobre a fauna, a flora e a geologia da região. Aqui um género de ponte suspensa, ali um escorrega, acolá todo um parque infantil.
E, de repente, ei-la, imponente, a surgir sobre os ramos mais altos: uma espiral de aço em meia-lua, cinco voltas torneadas sobre aquilo que, daqui, é ainda vazio, mas que sabemos ser o motivo de tudo isto – o meandro mais afamado do rio Sarre (Saar em alemão). E, então, subimos. Vamos subindo, a cada volta uma perspectiva mais elevada daquele que é o principal postal da região de Saarland. No total, são 1250 metros de passadiço sem um único degrau e uma inclinação máxima de 6%, o que torna toda a estrutura acessível a pessoas com mobilidade reduzida ou carrinhos de bebé.
No topo da torre de observação estamos a 42 metros de altura, 407 metros em relação ao nível do mar, e se as vistas são agora amplas a 360 graus, a verdade é que todos os olhares se concentram no mesmo quadro: aos nossos pés, o rio dobra-se num “u” perfeito e apertado, correndo quase paralelo na vinda e na volta, calmo e elegante, formando ao centro uma língua de floresta densa que, no início de Setembro, já recebia as primeiras pinceladas de Outono.
Num dia claro, conseguimos ver grande parte do Parque Nacional de Saar-Hunsrück, que integra o meandro do Sarre, o arvoredo da estreita "península" (e as ruínas do castelo Montclair, visitáveis, que se vislumbram na zona mais alta) até à cadeia montanhosa de Vosges, já em território francês.
De caiaque pelo Sarre primitivo
Um cisne a meia dúzia de metros. Outro cisne. Mergulhamos a pagaia na água atentos às folhas de nenúfar e outra vegetação do rio, a tentar dar ritmo aos braços, uma missão constantemente frustrada pela vontade de tirar fotografias, fazer vídeos ou ficar simplesmente a olhar a natureza.
Estamos perto de Schoden, já no estado vizinho de Renânia-Palatinado e, conta o guia Leon, este pedaço de rio que agora percorremos “é a única parte do Sarre que se mantém natural”. Desde o século XVII que o rio é utilizado como importante via de transporte fluvial e esta secção, prestes a desaguar no Moselle, foi alargada a partir da década de 1970 para receber grandes porta-contentores.
Para facilitar a passagem foi aberto um novo canal que corta a direito, com sistema de dique para produção de energia eléctrica, deixando intacta esta zona original de meandros suaves e flora selvagem, integrada na reserva natural de Wiltinger Saarbogen. Ali, “auto-estrada fluvial”, aqui natureza pura.
Tentamos desviarmo-nos dos campos de nenúfares, juncos e caniçais, enquanto passamos por enfiadas de salgueiros e freixos, com zonas de prado atrás e vinhas a galgar as encostas, atentos a qualquer movimento de asas. Cisnes, dezenas de corvos-marinhos pendurados nos ramos despidos, uma garça-real, coloridos e minúsculos guarda-rios, gansos-do-egipto, e um milhafre-real são apenas algumas das espécies que se avistam em cerca de 7,5 quilómetros de rio primitivo.
O passeio – previsto para cerca de 2,5 horas – conta ainda com outro detalhe, que traz uma dose extra de aventura: zonas de mini-rápidos, em que a corrente acelera e cria pequenas ondas, tão fáceis de domar quanto divertidas.
A Fugas viajou a convite do Turismo da Alemanha