Greve parcial de professores com adesão de 80%, diz sindicato

No primeiro dia de aulas do segundo período, centenas de escolas por todo o país foram fechadas devido à greve de professores.

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Professores em greve fazem cordão humano à porta da escola em Miranda do Corvo LUSA/PAULO NOVAIS

A greve parcial ao primeiro tempo lectivo de cada professor, que se iniciou esta terça-feira, está com uma adesão de 80%, de acordo com o balanço feito pelo SIPE – Sindicato Independente de Professores e Educadores, estrutura que a convocou. De acordo com um comunicado enviado às redacções pelo SIPE, "a acção, que coincide com o início do segundo período do ano lectivo, provocou o encerramento de centenas de escolas por todo o país, deixando centenas de alunos sem aulas no primeiro tempo".

Durante a manhã, a presidente daquela estrutura sindical, Júlia Azevedo, tinha indicado ao PÚBLICO que a adesão era mais forte no Norte do país. Os professores começaram a juntar-se cerca das 8h20 à porta das escolas de Vila Nova de Gaia, município que viu “quase todas as escolas fechadas”. Também no Porto e em Gondomar o cenário de estabelecimentos de ensino encerrados foi similar. “É o primeiro dia de greve e as escolas ainda se estão a organizar”, ressalva.

Para esta quarta-feira, o SIPE vai reunir “centenas de professores" à entrada do Agrupamento de Escolas de Vila D’Este, em Vila Nova de Gaia.

"Esta adesão em massa à greve é um claro sinal do descontentamento da classe docente e uma condenação às propostas apresentadas pelo Ministério da Educação [ME] aos professores, designadamente no que respeita aos concursos, pelo que apelamos à tutela que recue rapidamente nestas propostas", afirmou Júlia Azevedo, citada no comunicado.

Ao PÚBLICO, a representante sindical explicou que o balanço relativo à adesão à greve parcial é diferente do tradicional uma vez que "a contagem é feita não no total de docentes, mas nos docentes que entram ao primeiro tempo e que fizeram greve". "Por exemplo, tivemos uma escola em que foi apenas um professor trabalhar."

O segundo período lectivo iniciou-se esta terça-feira, mas muitos professores poderão ainda não regressar às aulas devido às greves que marcam este mês e o próximo.

O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) também retomou a greve, por tempo indeterminado, que decorre desde 9 de Dezembro e que levou ao encerramento pontual de várias escolas nos últimos dias do primeiro período.

O sindicato entregou pré-avisos de greve até ao final do mês de Janeiro, que alargou também aos trabalhadores não docentes. A paralisação foi convocada em protesto contra as propostas do Governo para a revisão do regime de recrutamento, actualmente em negociação com os sindicatos, e para exigir respostas da tutela a um conjunto de outros problemas relacionados com a carreira docente e as condições de trabalho.

O STOP vai organizar no dia 14 de Janeiro em Lisboa uma marcha pela escola pública.

Ainda esta terça-feira, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) marcou uma concentração em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, onde estiveram presentes centenas de professores e educadores. Aquele sindicato entregou um abaixo-assinado à tutela a meio da manhã, com cerca de 45 mil assinaturas – anteriormente o sindicato tinha entregado outras 20 mil –, no qual rejeita a proposta apresentada pelo Governo de alteração ao modelo de colocação de professores.

A iniciativa insere-se num conjunto de acções de luta, algumas em convergência com outras organizações sindicais, que têm o objectivo de fazer o ME recuar nas suas intenções para o regime de concursos e abrir processos negociais para resolver problemas que têm vindo a desvalorizar a profissão.

Se até dia 10 deste mês (na próxima semana) as exigências não forem aceites, os docentes vão acampar junto ao Ministério da Educação, entre essa data e dia 13. “Até dia 10, é o nosso prazo. Se a 10, ainda assim, não tivermos resposta, entre 10 e 13 vamos até acampar para a porta do ministério. Ficaremos lá dia e noite disponíveis para sermos chamados a qualquer momento pelo ministro para discutirmos este protocolo e discutirmos as questões do concurso”, como explicou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em declarações ao PÚBLICO.

Caso, mesmo assim, nada aconteça, a 16 deste mês inicia-se uma greve nacional de docentes, distrito a distrito, que se vai prolongar até 8 de Fevereiro. Para 11 de Fevereiro está marcada uma manifestação nacional, em articulação com outros sete sindicatos.

Artigo actualizado às 16h15 do dia 3 de Janeiro de 2022 com informação mais recente sobre a adesão à greve.

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