Mau tempo. Parte da Fortaleza de Valença cedeu. Viana do Castelo é o distrito “mais castigado”
Com um registo de 70 ocorrências devido a precipitação intensa, 51 delas registadas a partir das 8h, Viana do Castelo está a sentir o pico do mau tempo esta manhã.
Quedas de árvores e inundações marcam o trabalho da Protecção Civil no Norte do país na primeira noite e manhã do novo ano. O distrito de Viana do Castelo é o "mais castigado", indicaram à Lusa várias fontes.
Com um registo de 70 ocorrências devido à precipitação intensa, 51 delas registadas a partir das 8h, Viana do Castelo está a sentir o pico do mau tempo esta manhã.
Fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) indicou à agência Lusa que aquele distrito minhoto "foi o mais castigado esta noite e durante a manhã" devido a um "volume elevado de ocorrências" relacionadas com o mau tempo.
Desde quedas de árvores a inundações em zonas urbanas, alertas para carros arrastados pela água ou pedidos de limpeza de vias, cerca das 10h30, estas ocorrências mobilizavam nos vários concelhos do distrito de Viana do Castelo 82 operacionais, auxiliados por 35 veículos.
“Alguns danos patrimoniais talvez, mas felizmente mais nada. Mas não estão a ter mãos a medir, não”, referiu a fonte, num contacto da Lusa para a sede a ANEPC devido à dificuldade em estabelecer contacto directamente com o Comando Distrital de Viana o Castelo.
"É como lhe digo: eles nem conseguem atender. A chuva é tanta, mas não reportaram ninguém em perigo", acrescentou o responsável da ANEPC.
Parte da muralha da Fortaleza de Valença cedeu
Parte da muralha da Fortaleza de Valença cedeu por volta das 14h, estando no local o coordenador municipal da Protecção Civil e o presidente da autarquia, revelou fonte do comando nacional da ANPC.
A Fortaleza de Valença, no distrito de Viana do Castelo, está classificada como Monumento Nacional desde 1928 e o mau tempo deverá ser o motivo pelo qual parte da muralha cedeu, avançou aquele responsável.
Noite "calminha"
O cenário em Viana do Castelo contrasta com o relato de outras fontes dos Comandos Distritais de Emergência e Protecção Civil com a maioria a referir-se à noite passada como "calminha".
Em Bragança e Braga não foi possível contabilizar esta manhã o número de ocorrências, enquanto Aveiro reportou à Lusa que da meia-noite até às 8h foram 11 as ocorrências devido ao mau tempo, entre as quais inundações e desabamentos. "Sem vítimas, nem dados de monta", disse o operador do Comando Distrital de Aveiro.
Já em Vila Real, distrito que também está sob aviso vermelho, devido à previsão de chuva persistente e forte, juntando-se ao Porto, Aveiro, Braga e Viana do Castelo, numa actualização feita sábado às 15h53 pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), destaque para uma queda de árvore em Fontelo, e um movimento de massas com pedras na via pública em Nogueira.
Quanto ao Porto, fonte do Comando Sub-regional de Emergência e Protecção Civil da Área Metropolitana referiu à Lusa que foram "poucas" as ocorrências ligadas a intempérie e que a noite "calminha" ficou marcada por quedas de árvores e pequenos incêndios em caixotes do lixo.
Fonte dos Bombeiros Sapadores do Porto comunicou quatro ocorrências na madrugada de sábado: dois reconhecimentos por infiltração, um desentupimento e uma queda de árvore.
A ANEPC colocou sob alerta vermelho, a partir das 00h de domingo, os distritos do Porto, Viana do Castelo, Braga e Aveiro.
As perspectivas e mau tempo levaram mesmo vários municípios do Norte do país, como Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Ponte de Lima, Guimarães, entre outros, a cancelaram os festejos de fim de ano, devido ao agravamento das condições meteorológicas.
A ANEPC tem quatro estados de alerta especial (azul, amarelo, laranja e vermelho), que determinam o reforço da monitorização e incremento do grau de prontidão do dispositivo.
A Protecção Civil alertou ainda para a possibilidade de cheias em meio urbano em especial no Norte e Centro do país, recomendando a redução de deslocações na noite de fim de ano. Outra das recomendações foi para que as pessoas não se dirigissem às praias no primeiro dia do ano, até porque as previsões são também de maior agitação marítima na costa.
Segundo o comandante nacional da ANEPC, André Fernandes, as bacias hidrográficas onde existem "maiores probabilidades de haver inundações em meio urbano assim como cheias" são as dos "rios Minho, Lima, Cavado, Ave, Douro, Vouga, Mondego e Tejo".
Nos dias 7, 8 e 13 de Dezembro, a chuva forte e persistente que caiu em Portugal continental afectou sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém, causando dezenas de desalojados e prejuízos de milhões de euros em casas, estabelecimentos comerciais, viaturas e infra-estruturas públicas.