Marcelo não comenta convite de Lula a Sócrates para a posse e rejeita incómodo

“Eu estou aqui a representar Portugal e, estando a representar Portugal, nada me incomoda”, afirmou o Presidente.

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José Sócrates, ex-primeiro-ministro de Portugal Miguel Manso

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou este sábado comentar o convite pessoal de Lula da Silva ao antigo primeiro-ministro português José Sócrates para a sua posse como Presidente do Brasil. Interrogado se a presença de José Sócrates o incomoda, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Eu estou aqui a representar Portugal e, estando a representar Portugal, nada me incomoda".

"Eu há quatro anos não discuti os critérios dos convidados do Presidente Bolsonaro, hoje não discuto os critérios dos convidados do Presidente Lula da Silva", acrescentou o chefe de Estado, que falava aos jornalistas na embaixada de Portugal em Brasília.

Marcelo Rebelo de Sousa está em Brasília para representar o Estado português na posse de Lula da Silva como Presidente do Brasil, no domingo, 1 de Janeiro, como fez há quatro anos quando Jair Bolsonaro tomou posse.

Questionado se ficará perto de Sócrates na cerimónia de posse de Lula da Silva, o Presidente da República recusou fazer "comentários acerca dos convidados pelo Presidente eleito". "Já estive em várias tomadas de posse e nunca comentei os convidados, e muito menos o protocolo, onde é que se senta quem e como, acho que é a coisa menos importante que pode haver numa cerimónia destas", considerou.

Enquanto primeiro-ministro de Portugal, de 2005 a 2011, José Sócrates coincidiu no poder com Lula da Silva, que foi Presidente do Brasil entre 2003 a 2011. Os dois mantiveram laços de amizade, tendo Lula da Silva defendido publicamente José Sócrates nos seus casos judiciais e vice-versa.

Em Março de 2021, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro anulou todas as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná, José Sócrates declarou que tal "representou uma extraordinária vitória judicial", após "cinco anos de insistência, cinco anos de batalha, cinco anos de vontade e sentido do dever, cinco anos sem esmorecer".

Antes, em 2019, em entrevista à RTP, Lula da Silva defendeu a punição dos procuradores que acusaram José Sócrates, caso a acusação da Operação Marquês fosse dada como não provada: "Se o Sócrates foi acusado por alguém [Ministério Público], esse alguém que o acusou tem que provar. Se não provar, essa pessoa tem que ser punida", afirmou.

Lula da Silva, de 77 anos, natural do município de Garanhuns, do estado de Pernambuco, venceu a segunda volta das eleições presidenciais contra o Presidente brasileiro em exercício, Jair Bolsonaro, com 50,90% dos votos.