Rússia intensifica bombardeamentos sobre a Ucrânia no último dia do ano
Foram ouvidas várias explosões no centro de Kiev, onde um hotel foi atingido e pelo menos uma pessoa morreu.
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A Rússia lançou este sábado uma nova campanha de bombardeamentos sobre várias cidades ucranianas, incluindo Kiev, a capital, onde pelo menos uma pessoa morreu.
Ouviram-se dez explosões no centro de Kiev ao início da tarde, enquanto, por todo o país, as sirenes de alerta para mísseis soaram. Para além de um morto, há 20 feridos e pelo menos 14 pessoas foram hospitalizadas na capital, disse o presidente da Câmara Municipal, Vitali Klitschko. Um hotel foi atingido.
Mais de 24 horas depois de o último alerta ter sido emitido, e por um período de apenas meia hora, as sirenes voltaram a soar em Kiev ao início da tarde deste último dia do ano e não muito depois ouviram-se fortes estrondos no centro. Apesar de muitos habitantes da cidade terem alguma indiferença em relação aos alertas, recusando-se a ir para os abrigos, as ruas – que já não estavam propriamente fervilhantes – esvaziaram-se ainda mais.
As ruas encheram-se de gente e carros imediatamente a seguir ao levantamento do alerta e são muitos os que aproveitam este período para fazer as últimas compras para a passagem de ano, uma noite com grande importância na Ucrânia e em que se trocam presentes.
O comando militar ucraniano revelou que 12 dos 20 mísseis dirigidos para Kiev foram interceptados pelas defesas anti-aéreas.
Apesar dos ataques, as autoridades ucranianas garantem que a nova ofensiva russa não irá estragar as celebrações de Ano Novo. “O país terrorista lançou várias ondas de mísseis, estão a desejar-nos um feliz Ano Novo, mas iremos perseverar”, afirmou o governador da região de Kiev, Oleksii Kuleba, através de uma mensagem na rede social Telegram.
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tinha avisado que a Rússia poderia intensificar os bombardeamentos para que os ucranianos “celebrassem o Ano Novo às escuras”.
Nos últimos três meses, a estratégia russa na Ucrânia tem assentado sobretudo em ofensivas aéreas, com recurso a mísseis balísticos e drones de fabrico iraniano, contra a infra-estrutura energética ucraniana que Moscovo considera um alvo legítimo, deixando milhões de pessoas sem electricidade ou água durante os meses de Inverno.
Este sábado, as duas partes do conflito organizaram mais uma troca de prisioneiros, envolvendo mais de 200 militares capturados. O Ministério da Defesa russo disse que 82 soldados regressaram ao país, enquanto o Governo ucraniano disse ter recebido mais de 140 elementos das suas forças militares, a maior parte dos quais participantes na batalha de Mariupol.
Putin critica Ocidente
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a guerra lançada contra a Ucrânia – oficialmente uma "operação militar especial" para o Kremlin – serve para proteger a "pátria" e assegurar uma verdadeira "independência" para o povo russo. Numa declaração de Ano Novo mais longa que o habitual e gravada em instalações militares, o chefe de Estado russo repetiu vários argumentos que têm sido usados para justificar a invasão, apontando várias críticas às potências ocidentais.
"Durante anos, as elites ocidentais garantiram-nos hipocritamente das suas intenções pacíficas", afirmou. "Na verdade, estiveram a encorajar, de todas as formas possíveis, os neonazis que levaram a cabo operações de terrorismo aberto contra civis no Donbass", acrescentou Putin, referindo-se ao conflito travado desde 2014 entre o Exército ucraniano e as forças pró-russas que ocuparam parte do Leste do país.
O ano que agora termina, disse Putin, "pôs muitas coisas no seu devido lugar, separando claramente a coragem e o heroísmo da traição e da cobardia".