TAP: UGT diz que indemnização é “desajustada” face à realidade dos portugueses
Presidente da República recebe parceiros sociais. Presidente Confederação do Turismo de Portugal defendeu que a companhia aérea precisa de “paz” para trabalhar.
O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Mário Mourão, considerou esta quarta-feira que a indemnização da TAP à ex-secretária de Estado Alexandra Reis é desajustada face à realidade da maioria dos portugueses, defendendo a importância de estabilidade no próximo ano. Já Francisco Calheiros, líder da Confederação do Turismo de Portugal, defendeu que a companhia aérea precisa de “paz” para trabalhar.
Mário Mourão falava aos jornalistas no final de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que começou esta quarta-feira a receber os parceiros sociais, no Palácio de Belém, em Lisboa.
Questionado sobre se a polémica da TAP esteve presente na audiência com o Chefe de Estado, Mário Mourão indicou que "a UGT está preocupada com aquilo que a maioria dos portugueses está", considerando ser "preciso que se ultrapasse estas questões".
"São situações muito desajustadas relativamente àquilo que a maioria dos portugueses tem. É preciso criar mais justiça, porque no momento difícil que vivemos precisamos de justiça, de transmitir aos portugueses confiança e precisamos que Portugal tenha no próximo ano um clima de prosperidade, de mais justiça social e de mais compreensão entre as pessoas", afirmou.
"Vem aí um novo ano, esperamos que venha também uma situação de maior estabilidade e que o Governo possa resolver rapidamente estas questões", afirmou, realçando que "os portugueses começam a ter alguma desconfiança e alguma incerteza sobre o futuro que já há".
Alexandra Reis recebeu uma indemnização de meio milhão de euros por sair antecipadamente, em Fevereiro, do cargo de administradora executiva da transportadora aérea, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.
A indemnização a Alexandra Reis foi criticada por toda a oposição e questionada até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dizer que "há quem pense" que seria "bonito" a secretária de Estado prescindir da verba.
Segundo a UGT, da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda parte o balanço deste ano, bem como a análise ao Orçamento do Estado para 2023.
"Esperamos que seja um orçamento flexível, que permita acomodar alguma situação que eventualmente no próximo ano seja necessário acomodar face à situação de incerteza em que vivemos", sublinhou.
Além de Mário Mourão faziam ainda parte da comitiva da UGT Lucinda Dâmaso, presidente, assim como o secretário-geral adjunto, Sérgio Monte, e o secretário-geral adjunto, José Cordeiro.
Companhia aérea precisa de "paz", diz CTP
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, defendeu esta quarta-feira a necessidade de "paz" na TAP para que a companhia aérea possa trabalhar, considerando ainda que a incerteza para 2023 é elevada. Francisco Calheiros também falava aos jornalistas no final de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Precisando que a TAP ficou de fora dos temas abordados no encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, questionado sobre a polémica com Alexandra Reis e ainda que se escusando a fazer comentários políticos, Francisco Calheiros considerou que estas "são questões que não devem beliscar a TAP, mas são desagradáveis". "A TAP precisa de paz para poder trabalhar", disse, acrescentando que a companhia aérea "é muito importante para o turismo português".
Na audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, a CTP manifestou, segundo Francisco Calheiros, a preocupação com a questão do aeroporto. "Viemos abordar o assunto do aeroporto, que é um assunto com que o senhor Presidente da República está permanentemente preocupado e que a nós nos preocupa muito. É neste momento, talvez, o principal problema que temos", afirmou.
Na agenda da audiência esteve ainda o balanço dos números do turismo este ano, mas também as perspectivas para 2023. "Para 2023 só temos uma certeza, que é a incerteza. [...] Como há reservas de última hora, não há dúvida de que é muito difícil ter uma previsão do que pode ser o ano de 2023. Se fosse igual ao ano de 2022 seria uma óptima notícia", afirmou.
Além de Francisco Calheiros faziam ainda parte da comitiva o vice-presidente do conselho directivo da CTP, Carlos Moura (presidente da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), e o vogal do conselho directivo da CTP Pedro Costa Ferreira (da APAVT - Associação Portuguesa das Agências das Viagens e Turismo).
Esta quinta-feira, o Presidente da República recebe ainda a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN) e a Confederação Empresarial de Portugal (CIP).