Mais de 600 mil euros roubados em assaltos a carrinhas de valores em dois anos

Entre 2012 e 2021, ou seja, em nove anos, foram registados 166 roubos a carrinhas de transporte de valores. O ano de 2016 foi o que registou mais roubos, 30 no total.

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Em 2020, houve 14 roubos no valor de 240.940,00 euros e, em 2021, 11, mas o valor roubado foi de 362.344,00 euros Rui Gaudêncio

Os roubos a carrinhas de transporte de valores diminuíram 21,4% em 2021 face ao ano anterior. Os dados são do Relatório Anual de Segurança Privada (RASP) 2021, do Conselho de Segurança Privada (CSP), que avalia o sector e revela os índices de criminalidade participada em que são intervenientes empresas do Sector da Segurança Privada, mais particularmente, empresas de transporte de valores.

Segundo o mesmo documento, em 2020 foram registados 14 roubos no valor de 240.940,00 euros e em 2021 esse número baixou para os 11, mas o valor dos montantes roubados alcançou a quantia de 362.344,00 euros. Em dois anos, 25 roubos a transportes de valores totalizaram 603.284,00 euros.

Os RASP anteriores não fazem referência a este tipo de crime, mas, se analisarmos os dados de outro documento, o Relatório de Segurança Interna (RASI), podemos dizer que este tipo de crime registou uma diminuição em 2017 face aos anos anteriores.

De acordo com este relatório, que apresenta os números de roubos, mas não os valores em causa, entre 2012 e 2018, ou seja, em seis anos, foram registados 132 roubos a carrinhas de transporte de valores.

Em 2012, ocorreram 26 roubos, em 2013, 20, em 2014, 17, em 2015, 18, e em 2016 atingiu-se um pico de 30 roubos. No ano seguinte, em 2017, estes números caem para os 12 e depois para os 9 em 2018 e outros nove em 2019.

Já este ano, só houve notícia de um assalto deste género. Ocorreu em Março, quando, na manhã do dia 30, dois homens encapuzados e armados com caçadeiras surpreenderam dois funcionários quando estes pararam a carrinha de valores para abastecerem, com dinheiro, uma caixa de multibanco, na Avenida Gil Eanes, em Vila Nova de Gaia. Os suspeitos ainda tentaram fugir, mas acabaram detidos pela Polícia Judiciária (PJ), que recuperou o dinheiro roubado.

Reforço das condições de segurança

Em comunicado, a PJ informou que os dois homens estavam indiciados por mais roubos, cinco no total, que terão ocorrido entre Julho de 2021 e Março de 2022. Eram suspeitos de roubos a carrinhas de transporte de valores no Porto e em Valadares, Perosinho, Mafamude e Gulpilhares, em Vila Nova de Gaia.

Segundo a PJ, os detidos, de 59 e 44 anos, sem ocupação profissional, já tinham antecedentes criminais por crimes, contra a propriedade e tráfico de droga. O Jornal de Notícias, que noticiou também o caso, revelou que, em oito meses, estes assaltantes terão arrecadado mais de 200 mil euros.

Ao PÚBLICO, a AES – Associação de Empresas de Segurança referiu que “estes números são números bastante positivos e que traduzem o reforço das condições de segurança das operações de transporte de valores em Portugal”. A mesma fonte destaca assim “o investimento permanente das empresas na segurança das suas operações”.

“Basicamente trabalhando em três eixos: por um lado, incorporar as novas tecnologias nos sistemas de segurança, tirando partido do digital, e, muito importante, investir na formação dos nossos colaboradores, quer na vertente preventiva, quer na vertente reactiva. E finalmente trabalhar muito próximo das autoridades policiais, assegurando alinhamento e partilha de informação sobre os riscos das operações de transporte de valores”, sustentou, acrescentando que “também é muito importante a eficiência das entidades policiais no combate a este tipo de criminalidade, nomeadamente na rapidez do desmantelamento dos grupos que se dedicam à mesma”.

Em relação às expectativas para o futuro, e se há algum receio de um novo aumento de roubos num contexto de crescimento da inflação, a AES diz que que não crê que “a situação económica possa alterar a dinâmica existente”.

“Pelas suas características, organização, métodos, este tipo de criminalidade não parece ser muito sensível ao estado geral da economia. Ainda assim, importa acompanhar o tema e certamente que quer as empresas, quer as autoridades policiais o farão”, sublinhou.

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