Zelensky: dinheiro dos EUA “não é caridade; é um investimento na segurança global e na democracia”

Num discurso histórico no Congresso, Presidente ucraniano comparou resistência ucraniana à invasão russa com a luta dos norte-americanos contra os nazis na II Guerra Mundial.

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“O vosso dinheiro não é caridade”. O discurso de Zelensky no Congresso dos EUA Reuters, Joana Gonçalves

Com a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos a poucas semanas de trocar de mãos – o Partido Republicano conquistou a maioria nas eleições intercalares de Novembro –, Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, dedicou algumas frases fortes do discurso histórico que proferiu na quarta-feira (madrugada de quinta-feira em Portugal continental) na sessão conjunta das duas câmaras do Congresso norte-americano a enaltecer a urgência e os benefícios de um apoio militar e financeiro consistente ao seu país, na luta contra a invasão russa.

Apesar das garantias que lhe foram dadas pelo Presidente democrata, Joe Biden, num encontro na Casa Branca, antes do discurso, de que os EUA vão continuar a apoiar a Ucrânia “pelo tempo que for preciso”, Zelensky tem consciência de que a existência de cada vez mais vozes dentro do universo republicano que olham com cepticismo para uma situação de financiamento americano quase infinito à guerra europeia ou para um auxílio de “cheque em branco” a Kiev.

“Temos artilharia. Sim. Obrigado. É suficiente? Nem por isso”, assumiu o chefe de Estado ucraniano.

“O apoio financeiro é muito importante e gostaria de vos agradecer. Muito obrigado. Muito obrigado por ambos os pacotes financeiros que já nos forneceram e por aqueles que estarão dispostos a oferecer”, enfatizou, no entanto.

“O vosso dinheiro não é caridade. É um investimento na segurança global e na democracia, que gerimos da forma mais responsável possível”, afiançou.

Na intervenção que fez no Congresso, em Washington D.C. – naquela que foi a sua primeira deslocação ao estrangeiro desde o dia 24 de Fevereiro, quando as forças da Federação Russa deram início à invasão do território ucraniano –, Zelensky recuperou algumas das comparações que já tinha feito entre o conflito na Ucrânia e a Segunda Guerra Mundial quando discursou, por videoconferência, em vários Parlamentos ocidentais, incluindo o norte-americano ou o português.

“Tal como os bravos soldados americanos que aguentaram as suas linhas e ripostaram contra as forças de Hitler durante o Natal de 1944, bravos soldados ucranianos estão a fazer o mesmo contra as forças de Putin neste Natal”, salientou.

“As nossas duas nações são aliadas nesta batalha e o próximo ano será um ponto de viragem. Tenho a certeza. Será o momento em que a coragem ucraniana e a determinação americana vão garantir o futuro na nossa liberdade comum”, disse ainda.

Segundo o Washington Post, o discurso de Volodymyr Zelensky originou 18 ovações de pé na sessão plenária conjunta, que juntou praticamente todos os congressistas e senadores democratas e republicanos.

O jornal norte-americano refere, no entanto, que um pequeno grupo congressistas do Partido Republicano críticos do contínuo financiamento da Ucrânia não se levantou ou não aplaudiu em algumas destas ovações.

A congressista Marjorie Taylor Green e o senador Josh Hawley, os principais críticos do auxílio financeiro aos ucranianos, não compareceram no Congresso.

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