Governo insiste na importância de mecanismo ibérico devido à guerra na Ucrânia

Tiago Antunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, afirma que o mecanismo já permitiu poupar 360 milhões de euros.

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O secretário de Estado dos Assuntos Europeus falou esta terça-feira no Parlamento Daniel Rocha

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus sublinhou esta terça-feira no Parlamento a importância para Portugal da renovação do mecanismo ibérico que limita o preço do gás na produção de electricidade, que já permitiu poupar 360 milhões de euros.

"Infelizmente, quanto à questão da guerra na Ucrânia, creio que ninguém tem ainda razões para estar optimista", admitiu Tiago Antunes numa audição dominada pelas questões da energia e pelo Conselho Europeu de 15 e 16 de Dezembro – tema que o levou ao Parlamento.

Tiago Antunes revelou que "hoje [terça-feira], precisamente, foi o dia de maior impacto", desde a entrada em vigor deste mecanismo, com "uma poupança de 103,18 euros por megawatt hora, ou seja, 58% quase 60%".

"O preço que se praticaria no mercado, se não existisse o mercado ibérico, era de 177,89 euros por megawatt hora, e fruto do mecanismo ibérico o preço final para ser aplicado ao dia de hoje [terça-feira] é de 74,71 euros por megawatt hora", detalhou.

"Isto prova o sucesso e a eficácia que este mecanismo ibérico tem tido", frisou, adiantando que, desde o início da sua vigência até ao final de Novembro, já permitiu uma poupança de 360 milhões de euros", para sublinhar a importância de Portugal e Espanha conseguirem renovar o mecanismo a partir de Maio.

Este mecanismo temporário ibérico, em vigor por um ano desde meados de Junho, coloca limites ao preço médio do gás na produção de electricidade, tendo sido solicitado a Bruxelas por Portugal e Espanha em Março passado devido à crise energética e à guerra da Ucrânia, que pressionou ainda mais os preços.

Questionado sobre o efeito para as famílias e as empresas, já que a inflação, muito por conta dos preços da energia, continua em níveis muito altos, Tiago Antunes disse que este mecanismo é uma das respostas e que é preciso "ir encontrando soluções para mitigar esses impactos da guerra".

"Garantir o abastecimento, limitar os preços e atenuar impactos" é o que o Governo e a União Europeia têm feito, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus.

Tiago Antunes valorizou também "como aspecto decisivo na preparação do próximo Inverno o avanço para as aquisições conjuntas de gás" e o acordo para estabelecer um preço máximo do petróleo no mercado internacional.

A limitação da compra pelos Estados-membros de petróleo russo e o estabelecimento de um tecto máximo do preço para compra no mercado internacional "limita a capacidade da Rússia de captar receitas" para financiar a sua ofensiva militar na Ucrânia, lembrou o Secretário de Estado.

As sanções, lembrou, são para pressionar Moscovo e insistir numa solução diplomática para o conflito.

Esta solução justifica, aliás, manter a representação diplomática russa em Portugal, respondeu Tiago Antunes, questionado por um deputado do Chega sobre se o Estado português não considera suspender essa representação.

"Não seria o mais aconselhável. Não tem sido a política de nenhum Estado-membro, creio. É importante manter canais de comunicação que permitam encontrar uma solução para este conflito", respondeu Tiago Antunes.

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