Clima: satélite europeu promete “revolucionar” previsão de tempestades
Agência Espacial Europeia lançou com sucesso o MTG-I1, o primeiro de seis satélites meteorológicos de terceira geração. O objectivo é prever com maior precisão tempestades e outros eventos extremos.
Um satélite que promete “revolucionar” a previsão do tempo na Europa, permitindo alertar atempadamente a população para eventos meteorológicos extremos, foi lançado com sucesso na noite de terça-feira. Chama-se Meteosat Third Generation Imager 1 (MTG-I1) e resulta de uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat).
O MTG-I1 descolou no foguetão Ariane 5 às 20h30 da base europeia na Guiana Francesa e, 34 minutos após o lançamento, já a 250 quilómetros de altitude, separou-se da estrutura que lhe dava “boleia”. O sinal foi logo recebido pela estação terrestre de Malindi, no Quénia – o que significa que aquele que é considerado o primeiro de uma nova geração de satélites meteorológicos goza de “boa saúde” e, em breve, poderá começar a fornecer dados com maior precisão.
“O MTG é uma história de sucesso na Europa. O objectivo deste investimento de vários mil milhões de euros é fornecer aos serviços meteorológicos uma quantidade muito maior de informações mais precisas, que os ajudarão a proteger vidas, propriedades e infra-estruturas. Este sistema irá, literalmente, salvar vidas”, afirmou Phil Evans, director-geral da Eumetsat, citado numa nota de imprensa.
Fornecendo dados com alta resolução e precisão em tempo real, o satélite facilitará “a detecção precoce e a previsão de tempestades severas de desenvolvimento rápido, a previsão do tempo e o monitoramento do clima”. Graças à realização de mais e melhores observações, será possível alertar com mais antecedência autoridades e serviços de protecção civil para a possibilidade de tempestades, inundações e incêndios.
Este lançamento bem-sucedido garante não só a continuidade dos dados necessários à previsão do tempo, ao longo das próximas duas décadas, mas também vem reforçar a capacidade dos recursos europeus actuais. Até agora, os satélites meteorológicos europeus não conseguiam registar imagens de raios quase em tempo real, por exemplo.
Um caçador de raios
“O MTG foi desenvolvido graças à experiência da ESA, da Eumetsat e de uma indústria espacial europeia altamente competitiva. Com o design inovador do satélite e seu novo caçador de [imagens de] raios, o MTG levará a previsão do tempo na Europa para o futuro”, afirmou Simonetta Cheli, directora de programas de observação da Terra da ESA, citada numa nota de imprensa.
O MTG-I1 é o primeiro de seis satélites que formam o sistema MTG, composto por quatro satélites de imagem (um deles lançado esta terça-feira) e dois de som. Juntos, fornecerão dados “cruciais” para a detecção precoce e de curto prazo de eventos climáticos extremos ao longo das próximas duas décadas. Em futuras operações, cada missão combinará dois satélites de imagem e um de som a trabalhar em conjunto.
Os satélites destinados à imagem trazem dois instrumentos completamente novos, sendo um deles o tal “caçador de raios” referido por Simonetta Cheli. Segundo o comunicado, a “inovadora” ferramenta baptizada como Lightning Imager deverá ser “capaz de capturar eventos individuais de relâmpagos no céu, seja dia ou noite”, varrendo 80% do disco terrestre à procura de descargas atmosféricas que ocorrem não só entre as nuvens e o solo mas também entre as próprias nuvens.
Esta é a primeira vez que um satélite meteorológico geoestacionário tem a capacidade de detectar raios na Europa, África e nas águas circundantes, refere ainda o documento. Juntamente com outra ferramenta, a Flexible Combined Imager, o apanhador de raios vai permitir que a Europa disponha de uma melhor previsão do tempo a curto prazo.
A segunda “arma secreta” no MTG recorre a serviços de digitalização para criar imagens de eventos em rápida evolução. Através do serviço completo de digitalização de disco, indica a nota de imprensa, o gerador de imagens faz a digitalização do disco do planeta em apenas dez minutos. Os dados adquiridos em 16 bandas espectrais diferentes facultam dados precisos sobre os mais variados fenómenos, desde incêndios locais à formação de vapor de água.