O animal de Luís Ganito: “O Jack é o cão mais conhecido do bairro”
Conhecê-los é também conhecer a relação que têm com os seus animais. O actor Luís Ganito adoptou um cão em 2019, um dia antes do Natal. Jack “é o entretém da vizinhança”.
"Sempre tive cães desde criança e os meus pais têm dois labradores, um com 14 anos e outro com quatro que é o Sam. Descobrimos que o Sam tem epilepsia, mas é um cão perfeitamente normal. No meu caso, fui viver com amigos que tinham cães e sempre quis ter o meu.
A minha tia queria adoptar um cão e em 2019, pela altura do Natal, fui com ela e com o meu primo à APA, Associação Protectora dos Animais de Torres Vedras. Tinham lá cães com dois meses e aconteceu-me o que me acontece sempre: por mim tinha a casa cheia de cães e de gatos, é das coisas que mais felicidade me dá. Nesse dia não trouxemos nenhum cão, mas voltamos no dia 23 de Dezembro. O meu primo trouxe uma cadela e eu o Jack, que é irmão dela. Desde 2019 que é o meu melhor amigo.
O Jack é o cão mais conhecido do meu bairro. Como moro perto dos meus pais e dos meus avós, em Lisboa, ele nunca está sozinho em casa. Sempre foi um cão muito activo e dá-se bem com outros animais, apesar de ser muito ciumento com os dois labradores dos meus pais.
É maluco por bolas, raramente me dá, mas está sempre a pedir-me para brincar com ele. Quem vir a minha sala parece que tenho filhos. Tenho sempre brinquedos no chão e é uma maravilha quando tenho que aspirar.
O Jack tem quatro anos, mas quando tinha oito meses começou a ficar muito abatido e parado. Fui ao veterinário e descobri que tem o Síndrome de Addison, ou seja, tem as glândulas adrenais muito pequenas e não produz cortisona suficiente que é o que controla a adrenalina do corpo. Tem que tomar um comprimido diariamente e levar uma injecção de seis em seis semanas. Foi a primeira sensação de pai que tive, de ver o meu filho a ser internado e a passar mal e tudo mais. Foram semanas horríveis.
O Jack anda sempre solto e respeita-me bastante. Mas foi uma coisa que nem sei dizer ao certo a partir de que momento é que aconteceu. Os vizinhos conhecem-no, ele vai à rua sozinho e depois volta para casa. É o entretém da vizinhança.
De vez em quanto, costumo ir com ele à praia. Aliás, no meu carro, ando há um ano para pôr uma capa nos bancos de trás, mas em vez disso tenho uns lençóis muito velhos que parecem um festival de pêlos.
Adoro todos os animais, mas gosto muito de cães, tive-os a minha vida toda. Quem me dera poder ter uma casa cheia de cães, mas como tenho esta relação com o Jack, de ter sempre sítio onde o deixar, não estou a pensar ter outro.
Coincidências da vida, a minha namorada é enfermeira veterinária e costumámos debater os direitos dos animais. Acho que ainda olhamos para eles como um bem supérfluo, os veterinários e as rações são taxadas como são e percebo que exista muita reticência em ter animais. Eu tive a possibilidade dar ao Jack uma boa vida e quem me dera a mim conseguir fazer isto por mais animais, mas há pessoas que não podem. Porque é que não existe uma linha exactamente igual à SNS em que eu possa esclarecer dúvidas sobre o meu animal em vez de ir ao veterinário?
Se a pessoa quiser ter um animal, é preciso haver muita ponderação. É literalmente um filho e não pode ser visto como uma prenda. Temos que nos ensinar e procurar informação e não ser só ir buscar o cão e levá-lo para casa. Prefiro que uma família que não consiga dar as condições que o animal merece o entregue a uma associação em vez de o abandonar."
Depoimento construído a partir de entrevista