Lisboa: choveu num dia quase tanto como o que costuma chover em Dezembro inteiro
Números de uma estação meteorológica em Lisboa mostram que os valores médios da precipitação em Dezembro já foram largamente batidos.
A chuva torrencial que caiu ao longo desta terça-feira foi tão intensa na capital do país que quase bateu a média mensal, que remete para o período 1971-2000. Números da estação meteorológica da Gago Coutinho, em Lisboa, dão conta da queda de 110,6 milímetros (mm) de chuva — ou 110,6 litros de chuva por cada metro quadrado de território — neste marcante 13 de Dezembro. Entre 1971 e 2000, a chuva que costumava cair ao longo de todo o mês rondava os 121,8 mm.
Na estação da Gago Coutinho, os valores da precipitação acumulada (isto é, o somatório dos números relativos à precipitação em cada dia do mês) já haviam ultrapassado a média mensal a 11 de Dezembro. O episódio de chuva extremamente intensa que aconteceu nas últimas horas do dia 7, quando as inundações regressaram à paisagem de Lisboa, ajuda a explicar tal cenário. Neste momento, o total acumulado está nos 266,4 mm, o que é já mais do dobro da média mensal.
Lisboa viveu esta terça-feira o seu dia de Dezembro mais chuvoso de sempre, confirmou ontem o climatologista Ricardo Deus, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Entre a noite de segunda e o início da tarde desta terça, a chuva marcou de forma indelével as rotinas da capital. “Este é o evento de precipitação mais importante dos últimos anos na zona de Lisboa”, confirmou Miguel Miranda, presidente do IPMA.
A chuva intensa desta terça-feira, que colocou quase todos os distritos do país em alerta laranja (apenas Bragança fugiu à regra), foi provocada por um movimento convectivo na atmosfera — massas de ar quente contendo muita água ascenderam a camadas superiores da atmosfera, onde o frio levou a um processo de condensação, após o qual veio a precipitação — e teve um impacto assinalável na vida dos portugueses, sendo que quem vive em Lisboa teve uma terça-feira particularmente difícil.
Na capital, foi preciso encerrar escolas e estradas, houve perturbações em matéria de transportes e as cheias regressaram à paisagem. O caos foi tal que, de manhã, o Hospital Amadora-Sintra teve de, durante umas horas, solicitar o encaminhamento de doentes urgentes para outros hospitais.