Moedas acompanhou a “tragédia impossível de precaver” ao minuto
Presidente da Câmara de Lisboa terá passado uma noite quase sem dormir, andou pela cidade e esteve sempre de olho na evolução da situação no comando de operações.
Carlos Moedas passou a madrugada, e esta terça-feira, a acompanhar a evolução da tragédia que se abateu sobre Lisboa. Andou nas ruas, mas é no comando da Protecção Civil que tem passado a maior parte do dia. E, face ao que viu, o presidente da câmara alfacinha não hesitou em falar em “situação de tragédia em algumas zonas da cidade”, que “era impossível precaver”.
Quando o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) deixou, a meio da manhã, o centro de comando da Protecção Civil, em Monsanto, para visitar alguns locais de Lisboa mais afectados pelo temporal, a situação já estava mais calma. Porém, os sinais da tragédia nocturna que se abatera sobre a cidade ainda estavam bem visíveis por todo o lado.
Numa carrinha da Protecção Civil, o autarca viu árvores e muros caídos, estradas cortadas, algumas ainda inundadas, carros avariados um pouco por todo o lado e viaturas dos bombeiros em emergência a atravessarem as ruas permanentemente.
O presidente de autarquia foi primeiro à Azinhaga da Torrinha, na freguesia de Santa Clara (perto do Lumiar), onde um deslizamento de terras impediu uma dezena de pessoas de saírem de casa.
Seguiu depois para Rua de Pedrouços, quase colada ao concelho de Oeiras. Aqui, duas equipas dos Bombeiros Sapadores de Lisboa retiravam a água que inundava uma escola local e um restaurante.
Um assessor de Moedas diria mais tarde ao PÚBLICO que o presidente da autarquia “mal tinha dormido” na noite anterior devido aos contactos com as forças de segurança e com os presidentes das juntas de freguesia alfacinhas. Não parece. É ele que comanda as operações de forma enérgica. “Vamos, vamos, temos de ir a Alcântara”, diz ao grupo que o acompanha.
Antes de chegar àquele bairro, pára ainda na zona de Belém, onde o jardim de uma vivenda está completamente inundado (a água chegava a meio do piso térreo). Como por ali não há bombeiros, telefona de imediato para o comando para alertar para a situação.
“Impossível precaver”
Em Alcântara, mais uma vez, numa das freguesias mais afectadas em Lisboa e onde ficaram desalojadas 16 pessoas, a agitação é muita. Por volta das 12h a água já foi quase toda retirada, mas ainda há dezenas de bombeiros, pessoal da Protecção Civil e moradores em operações de limpeza.
É com o cenário da tragédia nas suas costas que Carlos Moedas faz um balanço da situação. Talvez pelo que viu no comado da Protecção Civil, onde chegou por volta das 7h, e nas ruas, o autarca, que já tinha referido uma “situação de tragédia em algumas zonas da cidade”, fala agora numa situação que “era impossível precaver”.
“O que aconteceu hoje foi diferente [do que aconteceu na passada semana]: desta vez foi uma chuva não tão intensa, mas que durou mais de seis horas […]. Estamos numa zona abaixo do nível da água, vai sempre inundar-se enquanto não começarmos o túnel” do Plano Geral de Drenagem, afirma.
Carlos Moedas refere ainda a “imprevisibilidade dos eventos” meteorológicos, explicando que, de madrugada, pelas 2h, a “monitorização do mau tempo não permitiu prever as chuvas registadas, mesmo depois das cheias da semana passada”.
Questionado sobre o trabalho de prevenção, depois das inundações da semana passada, Carlos Moedas indica que os serviços estão “na capacidade total de ajuda”. “Nós estamos totalmente em reforço desde ontem à noite, com os bombeiros à saída dos túneis, a Polícia Municipal, os trabalhadores das juntas… Esse reforço é constante”, acrescenta, garantindo às pessoas que estão a ser acompanhadas pela Protecção Civil que “nenhuma ficará sem casa”.
Pouco antes da 7h, a CML emitiu um comunicado em que apelava aos cidadãos para que ficassem em casa, que não se deslocassem para Lisboa. Pedia ainda que não abrissem as escolas nas zonas afectadas. Moedas repetiria o alerta pouco mais tarde através dos órgãos de comunicação social.
Comunicação social para a qual o autarca tem um “agradecimento especial”, porque diz ter sido “fundamental para passar o alerta” para as pessoas ficarem em casa.
Por volta das 12h30, Moedas volta para o comando da protecção onde planeava o resto da tarde a acompanhar a evulução da situação na companhia das chefias das diversas forças de segurança.